Editorial Rede Vitória

Carbono Oculto: a operação que expôs a face empresarial do crime organizado

Operações da semana passada deixaram claro que é possível combater crime organizado onde mais eficácia tem: confiscando seus ganhos ilícitos

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Operação Carbono (Foto: Receita Federal SP)
Operação Carbono Oculto: Crime organizado usava fintechs para lavar dinheiro. Foto: Receita Federal SP

Siga o dinheiro! A expressão é sem dúvida o caminho mais certeiro para se desvendar atividades ilícitas que envolvem facções criminosas e narcotráfico. Exemplo claro disso foram as três operações realizadas na semana passada pela Receita Federal, Ministério Público, Polícias Federal, Militar e Civil.

O foco eram empresas e pessoas envolvidas em adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.

Para encobrir as atividades, o crime organizado se infiltrou em segmentos da economia formal como indústria, comércio, agricultura e setor financeiro, até mesmo no principal centro do país, a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.

De acordo com a Receita Federal, pelo menos 40 fundos de investimentos foram utilizados para ocultar patrimônio.

As investigações também revelaram, entre outras coisas, uma rede de mil postos de combustíveis ligados a organizações criminosas. Juntas, movimentaram em quatro anos, R$ 52 bilhões.

Foram cumpridos cerca de 350 mandados de busca e apreensão em oito estados: aqui no Espírito Santo, em São Paulo, Mato Grasso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Goias.

No decorrer da megaoperação, o governador Ronaldo Caiado, de Goiás, voltou a defender o acesso direto dos estados aos dados do Conselho de Controle de Atividade Financeira, o Coaf, como forma de agilizar investigações.

O debate é positivo, mas há que se levar em consideração alguns riscos, principalmente porque estamos falando de dados sobre a vida financeira de pessoas e empresas. Informações dessa natureza não podem ser usadas, indiscriminadamente, inclusive
para procurar algo que as incrimine.

Pelo contrário, a atuação do estado deve ter um limite e não ultrapassar os direitos fundamentais dos cidadãos.

Vale lembrar que hoje as informações do Coaf já são compartilhadas, a partir de aprovação judicial.

As operações da semana passada deixaram claro que, quando há vontade política e foco, é absolutamente possível combater o crime organizado onde mais eficácia tem: confiscando seus ganhos ilícitos.