Erro com Responsabilidade: o valor de lideranças que transformam falhas em estratégia

A responsabilidade individual revela-se de forma contundente na maneira como líderes lidam com as falhas. Em ambientes corporativos e públicos, esconder equívocos mina a confiança e compromete resultados. Transformar erros em estratégia, ao contrário, fortalece equipes, gera inovação e cria organizações resilientes, convertendo-se em vantagem competitiva.

Ben Horowitz, no clássico O Lado Difícil das Situações Difíceis, sustenta que líderes bem-sucedidos são aqueles capazes de expor erros sem receio, utilizando-os como insumo de aprendizado. Estudo da Harvard Business School confirma que companhias que institucionalizam práticas de “debriefing de falhas” ampliam em até 22% suas taxas de inovação. A Deloitte acrescenta: culturas de accountability distribuída crescem 37% mais rápido do que pares com hierarquia rígida.

O oposto também é verdadeiro. Relatório da PwC identificou que 45% dos colapsos empresariais tiveram como gatilho decisões ocultadas ou erros não reconhecidos por lideranças. No setor público, investigações de tribunais de contas mostram que atrasos em obras ou políticas fracassadas têm, em grande medida, relação com a falta de responsabilização. Quando não se assume o erro, o custo é transferido à sociedade.

Alguns países compreenderam o valor estratégico dessa postura. A Finlândia, referência em governança, adota mecanismos institucionais que tratam erros como ativos de aprendizado: revisões públicas de projetos, ajustes transparentes de políticas e comunicação aberta de falhas. O Fórum Econômico Mundial classifica esse modelo de governança como uma das razões para o elevado índice de confiança social no país.

Em democracias sustentadas pelo Estado de Direito e pela economia de mercado, assumir responsabilidades não é retórica, mas condição para proteger a propriedade, fortalecer a confiança e garantir liberdade duradoura.

Implementando a Responsabilidade

No âmbito corporativo, a solução passa pela criação de comitês de aprendizado de falhas com autonomia para revisar decisões críticas, bonificação por melhorias derivadas de correções e relatórios periódicos de vulnerabilidades. No setor público, auditorias preventivas e instâncias independentes de avaliação podem reduzir o impacto dos erros e acelerar o aprendizado institucional.

Erros são inevitáveis. Líderes que os reconhecem e institucionalizam o aprendizado não apenas entregam resultados sustentáveis, como também reforçam o Estado de Direito, protegem a economia de mercado e elevam a confiança social.

Rayane Fernandes Goncalves Borges

Colunista

Diretora Geral da SkillsMapping e Mentora de Carreira e Gestão de Pessoas [RH] na Ementor. Neurocientista Comportamental, e Bacharel em Administração, com MBA em Gestão e Liderança de Pessoas pela UFRJ.

Diretora Geral da SkillsMapping e Mentora de Carreira e Gestão de Pessoas [RH] na Ementor. Neurocientista Comportamental, e Bacharel em Administração, com MBA em Gestão e Liderança de Pessoas pela UFRJ.