
O Brasil representa apenas 0,58% dos portfólios globais de investimento. Isso significa que, de tudo o que os grandes investidores do mundo aplicam, menos de 1% vem parar aqui. Para quem já esteve em outro patamar — esse número é um sinal claro de perda de relevância. No auge, esse percentual chegou a 1,9%.
Essa mudança não aconteceu da noite para o dia, nem por um único motivo. Ela é resultado de um conjunto de fatores que têm afastado o capital internacional: instabilidade política, baixo crescimento, insegurança jurídica, entraves regulatórios e um excesso de ruído que atrapalha a previsibilidade — algo essencial para quem investe com visão de longo prazo.
Enquanto isso, outros países emergentes, como Índia e Indonésia, têm se tornado destinos mais atraentes. Crescem mais rápido, reformam com mais consistência e oferecem um ambiente mais confiável para o investidor global. O resultado? O capital vai para onde há mais clareza, mais dinamismo e menos risco.
Mas o ponto principal aqui não é apenas a comparação. É o alerta.
Quando o Brasil representa só 0,58% dos investimentos globais, isso quer dizer que ele está fora do radar. Que não é mais visto como prioridade. E isso impacta diretamente o potencial de crescimento. Menos investimento significa menos infraestrutura, menos inovação, menos produtividade, menos empregos — e, no fim das contas, menos futuro.
O Brasil não perdeu seus ativos estratégicos. O país ainda é uma nação com recursos naturais abundantes, uma base industrial diversificada, uma matriz energética limpa e um setor agropecuário de ponta. Mas as oportunidades têm sido desperdiçadas por conta de um ambiente que ainda afasta mais do que atrai.
O que fazer?
O Brasil precisa voltar ao básico: previsibilidade, segurança jurídica, simplicidade regulatória e uma política econômica que inspire confiança. Não são fórmulas mágicas, mas sim de um terreno firme onde o capital possa pisar sem medo de afundar.
Recado final:
A perda de espaço nos portfólios globais não é o problema em si — é o sintoma. A boa notícia é que isso pode ser revertido. Mas para isso, é necessário parar de olhar para dentro e começar a enxergar como o mundo a enxerga. O capital global não espera. E a concorrência, hoje, é brutal.
Se o Brasil quiser voltar a ser relevante, não basta ter potencial. É preciso merecer.