O preço da liberdade: por que a responsabilidade individual ainda é o melhor caminho

Medidas como a ampliação indiscriminada de programas assistenciais, a regulação excessiva do mercado e a tutela estatal sobre escolhas pessoais têm ganhado espaço em nome da chamada “justiça social”. Contudo, ao transferir ao Estado a responsabilidade pelo bem-estar do indivíduo, abre-se mão do princípio mais fundamental da liberdade: o de arcar com as consequências das próprias escolhas.

O filósofo americano Henry David Thoreau, em seu célebre ensaio A Desobediência Civil, afirmou que “o melhor governo é aquele que menos governa”. Essa afirmação não é um apelo à anarquia, mas uma advertência sobre os riscos de um Estado paternalista que reduz os cidadãos à condição de tutelados. Quando o governo assume o papel de solucionador universal, o indivíduo perde o incentivo para se responsabilizar por sua própria vida.

A responsabilidade individual é o pilar invisível de qualquer sociedade livre. Ela exige esforço, planejamento, resiliência e capacidade de lidar com o fracasso, atributos que, embora desafiadores, formam cidadãos maduros, produtivos e conscientes de seu papel na construção do bem comum. Ao contrário, a terceirização das responsabilidades pessoais para o Estado conduz à infantilização social, à apatia política e à dependência crônica de benefícios públicos.

O Estado e a Liberdade Individual

Além disso, é preciso reconhecer que a expansão do aparato estatal para prover soluções generalizadas implica custos crescentes. Quanto mais o Estado promete fazer por todos, mais impostos precisa arrecadar, mais regras impõe e mais liberdade restringe. A suposta segurança oferecida pelo Estado vem sempre acompanhada de vigilância, coerção e perda de soberania individual.

Nesse sentido, Murray Rothbard argumentava que “o Estado é a única instituição da sociedade que obtém sua receita não por contribuições voluntárias, mas pela coerção”. Isso significa que toda política estatal, por mais nobre que pareça, carrega em si o risco de se tornar um mecanismo de controle, não de empoderamento. A troca da responsabilidade pessoal por garantias estatais pode parecer confortável em um primeiro momento, mas, a longo prazo, mina a base moral e econômica da liberdade.

O Papel do Estado como Facilitador

É evidente que nem todos partem do mesmo ponto de largada e que desigualdades reais precisam ser enfrentadas. No entanto, há uma diferença substancial entre criar condições para a liberdade e substituir a liberdade por proteção. O Estado deve atuar como facilitador do acesso, e não como gestor da vida alheia.

Sociedades que incentivam a responsabilidade individual, o empreendedorismo, o esforço pessoal e a tomada consciente de decisões tendem a ser mais inovadoras, produtivas e resilientes. Já aquelas que cultivam a ideia de que o Estado deve prover tudo a todos invariavelmente se tornam menos livres, mais burocráticas e mais vulneráveis à corrupção institucional.

A Troca Perigosa entre Liberdade e Conforto

Portanto, a liberdade exige um preço: o de ser responsável por si mesmo. Mas esse preço é menor, e mais digno, do que o custo de viver sob constante tutela. Substituir a liberdade por conforto é uma troca perigosa. Afinal, como alertou Benjamin Franklin, “aqueles que abrem mão da liberdade essencial por uma segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”.

Thais Alvim Silva Lorenzoni

Colunista

Associada do Instituto Líderes do Amanhã

Associada do Instituto Líderes do Amanhã