O Espírito Santo é frequentemente tratado como coadjuvante no cenário nacional, eclipsado por estados de maior expressão política e econômica. No entanto, essa invisibilidade é enganosa. Ao longo dos últimos anos, o estado vem fortalecendo silenciosamente um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável: a educação. Mais do que um serviço público, a educação capixaba tem se consolidado como instrumento de transformação social e vetor de crescimento econômico, um verdadeiro motor que sustenta seu progresso.
Nos indicadores mais recentes do IDEB, o Espírito Santo tem ocupado posições de destaque, com resultados acima da média nacional. Esse desempenho reflete investimentos consistentes em gestão, formação docente e infraestrutura escolar. Programas como escolas de tempo integral e ações de alfabetização demonstram um projeto estratégico voltado para o longo prazo. Não se trata apenas de gastar mais, mas de gastar melhor, com foco em resultados e valorização da aprendizagem.
A Teoria do Capital Humano e o Contexto Capixaba
A teoria do capital humano, formulada por Gary Becker, defende que a educação é o principal fator de elevação da produtividade e da renda. Essa lógica se aplica com perfeição ao contexto capixaba. Ao investir na formação intelectual e técnica da população, o estado fortalece sua economia de forma mais sólida e duradoura do que a dependência de recursos voláteis, como os royalties do petróleo. Enquanto os recursos naturais estão sujeitos à oscilação do mercado internacional e ao esgotamento físico, o conhecimento adquirido permanece como um ativo intransferível e, sobretudo, uma ferramenta de liberdade.
Ao formar cidadãos mais críticos e conscientes, a educação também limita o poder estatal. Como advertiu Milton Friedman, “uma sociedade que prioriza a igualdade acima da liberdade perderá ambas”. O Espírito Santo comprova que a educação vai além da formação de mão de obra: em 2024, destinou R$ 5,17 milhões à expansão do ensino em tempo integral na rede pública — 46% das escolas estaduais passaram a oferecer jornada ampliada, atendendo 55.478 estudantes, e 28 novas unidades foram implantadas, incluindo a primeira escola em um Centro Socioeducativo . Mas essa visão se estende também à rede privada: no Ideb 2023, as escolas particulares capixabas superaram com folga as médias nacionais — os anos iniciais do fundamental obtiveram 7,6 (comparado a 7,2 na média nacional da rede privada), os anos finais alcançaram 6,7, e o ensino médio ficou em 5,8; todas acima da média nacional. O Sindicato das Escolas Particulares do Espírito Santo (Sinepe‑ES) atribui esse desempenho à capacitação contínua de professores, adoção de tecnologias avançadas e parcerias internacionais que estimulam práticas pedagógicas inovadoras. Esses investimentos públicos e privados preparam indivíduos capazes de questionar, inovar e liderar — e é esse capital humano que impulsiona uma transformação profunda, não apenas econômica, mas também política e cultural.
O Investimento Capixaba em Pessoas: Um Caminho para o Futuro
O Espírito Santo pode não ter o peso histórico de Minas ou o volume econômico de São Paulo, mas talvez esteja fazendo a aposta mais ousada e promissora entre todos: investir nas pessoas. Em um país onde os holofotes ainda se voltam mais para cifras do que para cérebros, o estado capixaba opta por um caminho menos barulhento, porém mais transformador. E esse caminho passa pela educação — pública e privada — como ferramenta de liberdade, inovação e liderança. O rugido da onça não vem do subsolo nem do litoral; vem da biblioteca, da sala de aula, do debate crítico. Vem de um projeto de futuro que não aceita ser adiado. E esse rugido, cedo ou tarde, vai ecoar por todo o Brasil.