Resenha da obra "O otimista racional", Matt Ridley

Publicado em 2010, O Otimista Racional, de Matt Ridley, confronta o pessimismo que costuma dominar as manchetes e conversas cotidianas. Escritor, zoólogo e jornalista britânico, Ridley argumenta que a humanidade não está em decadência, mas sim em uma longa trajetória de avanços. Sua proposta é mostrar que o mundo melhorou de forma consistente e que há razões concretas para acreditar na continuidade desse processo.

Desde o início, o autor desmistifica a ideia de que a vida era melhor no passado. Ele lembra que a expectativa de vida era curta, doenças fatais que hoje têm cura não tinham nem tratamento, e a sobrevivência exigia esforço físico intenso. Hoje, por outro lado, a sociedade conta com avanços médicos, acesso rápido a alimentos e tecnologias que simplificam tarefas. Essa mudança de perspectiva ajuda a entender o seu chamado ao otimismo.

Um ponto central do livro é o papel das trocas, principalmente de mercadorias e de ideias, como motor do desenvolvimento humano. O comércio permitiu conectar pessoas, cidades e culturas, favorecendo a circulação de soluções e inovações. Ridley descreve esse processo como “ideias que se encontram”: quanto maior o contato entre diferentes conhecimentos, maior a probabilidade de surgirem mudanças capazes de transformar a vida em escala global. A Revolução Industrial é citada como exemplo clássico de como o intercâmbio acelera avanços significativos.

A cooperação e a confiança também são destacados como pilares do progresso. O autor argumenta que sociedades em que há respeito a regras, contratos e propriedade privada oferecem um ambiente propício para a inovação. Nesse sentido, a confiança mútua permite que indivíduos colaborem e compartilhem ideias, multiplicando o impacto das descobertas individuais e coletivas.

Inovação e Progresso Contínuo

Ridley enfatiza o caráter cumulativo da inovação: cada descoberta se apoia em conquistas anteriores, criando uma corrente de progresso ao longo do tempo. Da domesticação do fogo à internet, essa continuidade amplia as possibilidades humanas e fortalece a capacidade de adaptação a novos desafios. Educação e ciência aparecem como motores essenciais desse processo, fornecendo conhecimento e habilidades que permitem às sociedades resolverem problemas complexos de maneira mais eficaz.

O livro também aborda os grandes desafios contemporâneos, como energia, alimentação, desigualdade e mudanças climáticas. Ridley sustenta que, embora sejam questões sérias, a humanidade já superou problemas ainda mais graves. Ele defende que sociedades mais ricas e instruídas têm maior capacidade de adaptação e de implementação de soluções.

A globalização é outro tema relevante: ao aumentar a circulação de ideias e conhecimentos entre países e culturas, cria-se um ambiente favorável à inovação contínua. Essa perspectiva complementa o argumento sobre comércio, mostrando que a cooperação internacional é um fator decisivo para o avanço humano.

Um Convite ao Otimismo

Mais do que um livro sobre economia ou história, O Otimista Racional é um convite à confiança no potencial humano. Ao reunir fatos, dados e exemplos concretos, Ridley demonstra que o progresso não é fruto de sorte, mas da capacidade de aprender, inovar e cooperar. A obra deixa claro que, mesmo diante de crises e incertezas, há motivos para acreditar que a humanidade pode construir um futuro melhor.

Natalia Vieira Villela

Colunista

Associada do Instituto Líderes do Amanhã

Associada do Instituto Líderes do Amanhã