
*Artigo escrito por André Barcaui, professor da UFRJ e PUC, e consultor em Inteligência Artificial
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é celebrado em 10 de setembro e, no Brasil, a campanha Setembro Amarelo ganhou força a partir de 2013. A iniciativa busca conscientizar sobre a importância da saúde mental e a necessidade de quebrar o silêncio em torno do tema.
Nos últimos anos, além do avanço das discussões médicas e sociais, a tecnologia também passou a desempenhar um papel importante na prevenção. A inteligência artificial (IA) vem se destacando como ferramenta capaz de apoiar o trabalho de psiquiatras e psicólogos, auxiliando na interpretação de sinais sutis que podem indicar sofrimento emocional.
Algoritmos já conseguem analisar a fala, a expressão facial e até a linguagem corporal, detectando nuances nas escolhas de palavras que podem revelar alterações emocionais ou cognitivas.
Plataformas digitais com chatbots e sistemas de Deep Learning também oferecem suporte contínuo, disponibilizando técnicas de enfrentamento e acompanhamento em situações de urgência, quando o profissional de saúde não está acessível.
No entanto, o uso da IA nesse campo exige atenção. A ausência de educação digital e de limites claros pode tornar alguns recursos tecnológicos arriscados, especialmente para crianças e adolescentes que estão mais vulneráveis a vínculos artificiais e informações distorcidas.
Por isso, é essencial que a aplicação da tecnologia seja supervisionada, garantindo que atue como aliada e não como ameaça.
A análise de dados também é um dos pontos fortes da inteligência artificial. Sistemas são capazes de identificar padrões em redes sociais, hábitos de sono, níveis de atividade física e interações online. Alterações nesses comportamentos podem indicar riscos de episódios depressivos ou outras crises emocionais.
Durante o Setembro Amarelo, e ao longo de todo o ano, já que o suicídio não é um problema sazonal, a IA pode contribuir como ferramenta de triagem, processando grandes quantidades de informações em segundos e fornecendo suporte adicional aos profissionais de saúde.
Embora não substitua o psicólogo ou o psiquiatra, essa tecnologia amplia as possibilidades de prevenção e pode ainda ajudar a reduzir o estigma, servindo como um primeiro passo menos intimidador para quem hesita em buscar apoio humano imediato.