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Setembro Amarelo: o poder do acolhimento na prevenção

O Setembro Amarelo nos convida a um importante alerta: o cuidado com a vida e com a nossa saúde mental

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Setembro Amarelo. Foto: Freepik
Setembro Amarelo. Foto: Freepik

* Artigo escrito por Nielson E. Vicentini, psicólogo, mestre em Psicologia Institucional e professor do curso de Psicologia da Faesa

A campanha do Setembro Amarelo foi adotada no Brasil há mais de 10 anos como uma proposta de dialogar com a sociedade sobre a prevenção ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas cometem esse ato anualmente no mundo.

No mês de setembro, percebemos, em vários espaços públicos ou privados, pessoas engajadas em divulgar e ampliar as discussões sobre esse importante tema. A cor amarela, simbolicamente, nos remete ao estado de “atenção” perante uma situação tão significativa, angustiante e dolorosa.

Entender essa realidade não é uma tarefa fácil, pois se trata da história de cada pessoa, atravessada por contextos sociais, políticos, históricos, econômicos, familiares, entre outros.

O Setembro Amarelo nos convida a um importante alerta: o cuidado com a vida e com a nossa saúde mental. É um momento para refletirmos sobre como podemos cuidar de nós mesmos e também dos outros.

Viver não é apenas existir — é sentir-se vivo, é encontrar sentido e intensidade na jornada. Isso significa conduzir a vida com alegria, conectando-se não apenas às tecnologias ou às redes sociais, mas, principalmente, à própria existência e às relações humanas.

No dia a dia, nas pequenas interações — no trabalho, na rua, na escola, na igreja, no supermercado ou na praça —, precisamos cultivar vínculos com as pessoas, com os animais, com a natureza e com tudo aquilo que nos desperta a alegria de viver.

Nielson E. Vicentini, psicólogo, mestre em Psicologia Institucional e professor do curso de Psicologia da Faesa. Foto: Faesa/Divulgação

E não há nada mais transformador do que o acolhimento do outro e de nós mesmos. Oferecer escuta verdadeira, permitir-se sentir, reconhecer as próprias alegrias e tristezas, acolher-se sem se isolar do mundo.

Conectar-se com a coletividade é um gesto profundo de cuidado. Quando acolho, direciono minha atenção, quebro barreiras e preconceitos, alivio tensões, diminuo o sofrimento e construo vínculos com o outro e comigo mesmo, fortalecendo uma rede de apoio mútua.

Pergunte-se, e pergunte às pessoas ao seu redor: “como você está hoje?”; “como gostaria de estar?”; “o que posso fazer para melhorar a sua vida e a minha também?”.

Ao nascer, nosso primeiro gesto é o choro. É assim que nos comunicamos com o mundo pela primeira vez, sinalizando desconforto, dor, angústia, medo… e, ao mesmo tempo, pedindo acolhimento, carinho, afeto, proteção.

Ainda sem entender o que nos espera, começamos a aprender que viver é estar em sintonia com a vida, com as pessoas, com a natureza.

Cada dia nos ensina algo: alguns serão bons, outros nem tanto, mas seguimos. Às vezes, mais recolhidos; outras vezes, mais abertos ao mundo. E, mesmo nos momentos de silêncio ou solidão, nunca estamos totalmente sós.

Sempre há alguém disposto a ouvir ou precisando ser ouvido: um familiar, um amigo, um vizinho, alguém da comunidade, um profissional da saúde… Todos podemos ser abrigo ou encontrar abrigo no outro. Fale, escute, converse, compartilhe, ajude, acolha!