Ninguém ganha. Todo mundo perde. A história mostra que usar tarifas como arma em disputas comerciais é quase sempre prejudicial para todos os envolvidos. O que geralmente acontece é um efeito dominó: o país retaliado responde com suas próprias tarifas, elevando os custos de importação para a nação que iniciou a “guerra”.
Na semana passada, o presidente Donald Trump avisou que a partir de 1º de agosto todas as importações de produtos brasileiros serão sobretaxados em 50%.
Do lado de cá, o governo brasileiro já disse que vai usar a lei da reciprocidade, ou seja, taxar os produtos norte-americanos e isso pode entrar numa escalada sem fim.
Ao olharmos para o Espírito Santo, o impacto pode ser maior do que nos demais estados brasileiros. Isso porque somos exportadores de petróleo, aço, café, celulose e rochas ornamentais, produtos que são pilares da economia capixaba.
Definir tarifas é uma prerrogativa de qualquer país e é inegável que, em qualquer negociação internacional, possa haver um desequilíbrio de forças.
Potências econômicas maiores, como os Estados Unidos, muitas vezes detêm uma posição mais vantajosa. No entanto, a base de um relacionamento civilizado e produtivo entre nações é o respeito pela soberania, ou seja, a não interferência em assuntos internos.
O que se depreende da decisão do presidente norte-americano é um tom punitivo. Pior, não fundamentado em questões econômicas, pois a alegação de que o Brasil tem superávit comercial com os Estados Unidos é falsa.
A decisão unilateral está condicionada aos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aos processos contra empresas americanas que administram redes sociais no Brasil.
Claro está a intenção de interferir em assuntos que só cabem à Justiça brasileira decidir.
Para além disso, a ameaça ignora os laços comerciais estabelecidos, as parcerias de longo prazo e o impacto sobre milhões de vidas.
Em vez de uma retaliação, é preciso que o governo brasileiro abra canais de diálogo e aja proativamente.
O presidente Lula deve se comportar como governante, não como candidato à reeleição, que vê nesse episódio a chance de recuperar popularidade.
O tema, de enorme importância, não deve servir como palanque para reforçar a polarização e as posições extremas.
Uma guerra tarifária é um beco sem saída, que penaliza indústrias, trabalhadores e consumidores, e que pode custar caro, especialmente, aos capixabas.