Caminhão tombado na Terceira Ponte. Foto: Redes sociais/Reprodução
Caminhão tombado na Terceira Ponte. Foto: Redes sociais/Reprodução

A malha viária metropolitana já não comporta a dimensão do trânsito. Essa é uma verdade posta. E, sob essa perspectiva, anúncios de novos projetos como a terceira via ligando Serra e Vitória, o mergulhão em Jardim Camburi ou o corredor de ônibus em Vila Velha, por exemplo, tendem a ser bem-vindos, afinal são intervenções que buscam construir mais vias, aumentar a capacidade de fluxo, criar mais espaço para mais carros.

Por o outro lado, numa lógica simples, o poder público vai investir bilhões de reais para resolver problemas de ontem, como fazem ou já fizeram outras tantas cidades pelo Brasil. Construir mais vias é apenas um paliativo.

O planejamento viário moderno deve partir do princípio de que as pessoas – pedestres, ciclistas, usuários de transporte público e, também, motoristas – devem ser o foco.

Sob essa lógica, priorizar a mudança de modal, garantir calçadas acessíveis e seguras, ciclo faixas, incentivar a redução da dependência do automóvel e investir em transporte coletivo são medidas que dialogam com os desafios dos municípios: equilibrar crescimento urbano, qualidade de vida e mobilidade.

Algumas cidades pelo mundo devem ser observadas. Para ficarmos em três casos: Berlim, na Alemanha, conta com uma rede extensa de trens de superfície, ônibus e bondes elétricos; Amsterdã, na Holanda, tem ruas amplas para bicicletas e pedestres; Bogotá, na Colômbia, tem uma rede extensa de ciclovias e ônibus articulados em faixas exclusivas.

É imperativo que os gestores compreendam que a urgência é ter uma malha inteligente e sustentável, não necessariamente uma malha viária maior.

As soluções de longo prazo passam obrigatoriamente por tecnologia, gestão inteligente, tais como, monitoramento do tráfego em tempo real e dados abertos para planejamento participativo e, campanhas de educação de trânsito.

Mais do que evitar acidentes, educar o motorista é investir em uma cultura de responsabilidade e respeito que beneficia toda a cidade.

Não há soluções isoladas, principalmente em uma região como a Grande Vitória. A mobilidade é uma questão de governança compartilhada, porque o deslocamento diário não respeita fronteiras administrativas. Há que haver, portanto, um alinhamento estratégico entre os planos municipais e, para isso, é preciso uma pactuação política.

Lembremos que estamos todos presos no mesmo engarrafamento e que é pouco razoável normalizar que um acidente como o ocorrido na última sexta-feira (10), na Terceira Ponte, gere um colapso no trânsito ou que a Grande Vitória viva refém da falta de infraestrutura.