Há que se resgatar a racionalidade.
E se não podemos exigir do outro, façamos a nossa parte.
Receita pronta não há, mas certo é que alguns ingredientes precisam ser evitados. Nesse momento, de nada adianta as bravatas do governo brasileiro, por exemplo, sobre a taxação das Big Techs?
Ditado popular diz que “não se cutuca onça com vara curta”. É bom lembrar que nesse assunto, o presidente Trump tem interesse direto. O Brasil não precisa de outra frente de confronto.
A escalada das tensões entre os dois países tem aumentado nos últimos dias, o que eleva ainda mais o risco para a economia brasileira.
O presidente Lula acerta quando defende a soberania nacional, mas erra o tom ao fazer disso uma muleta para resgatar popularidade.
O discurso “nós contra eles” potencializa a tensão e não abre caminho para o diálogo. Esse posicionamento já é ruim internamente; quando se trata de comércio internacional, pode ser um desastre.
Claro está que as questões envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado entre outras coisas de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, são assunto de Justiça, e assim devem ser tratadas.
A narrativa de que as medidas cautelares impostas a Bolsonaro pelo ministro Alexandre de Moraes dificulta o cenário de negociação interessa àqueles que querem levar o debate para o campo político, a exemplo do próprio ex-presidente e do filho Eduardo, e também do presidente Trump.
Tanto é que no mesmo dia, em retaliação, o governo americano anunciou a revogação dos vistos de Alexandre de Moraes e dos familiares.
A saída não está no debate sobre o tema. Isso cabe à Justiça, como já dito.
O que o governo brasileiro precisa é de bom senso, de pragmatismo e de uma estratégia diplomática robusta para conduzir as negociações no campo econômico.
Não se trata de encontrar consensos, mas de articular diferenças, inclusive com uma política menos protecionista em relação a alguns segmentos econômicos.