Diariamente, vemos viralizar nas redes sociais vídeos de jovens que abandonam empregos ou oportunidades por motivos banais. Esse fenômeno revela o comportamento de uma geração criada para acreditar que é única, especial e merecedora de felicidade plena — independentemente de esforço. Como resultado, muitos são incapazes de lidar com críticas e fracassos.
Influenciados por pais superprotetores e escolas temerosas de frustrar, esses jovens cresceram sem desenvolver responsabilidade individual. Isso afeta não apenas a economia, que tem dificuldade em absorvê-los no mercado, mas também a sociedade, cada vez mais refém do discurso vitimista.
Desde os anos 2000, com a ascensão financeira da classe média brasileira e o aumento da renda, as famílias e escolas passaram a olhar a educação não apenas como uma preparação para os obstáculos da vida, mas como um ambiente que deve prezar pela busca da felicidade do ser humano.
Assim, aos poucos, deixaram de priorizar valores como disciplina e mérito, e passaram a focar seus esforços na autoestima e felicidade de seus alunos, evitando que esses jovens sejam submetidos a problemas reais da vida cotidiana como diferenciação e valorização entre os que melhor performam e aqueles que não performam em determinadas situações, proibição de estabelecimento de metas e cobranças e mesmo de penalidades, buscando criar, à força, um ambiente igualitário – no sentindo literal da palavra – olvidando o fato de que a vida, por si só, possui peculiaridades e desafios pessoais a cada indivíduo.
Nesse sentido, essa busca incessante pela felicidade e autoestima e o abandono da frustação como aprendizado para os desafios da vida, criaram um ambiente no qual ser mediano é a regra, pois não se premia os ganhadores nem se penaliza os perdedores.
Com efeito, troféus de participação e notas infladas criaram adultos que acreditam que sua existência garante sucesso, abandonando a busca por excelência — essencial para inovação e progresso, conforme nos mostra a história do progresso.
A Valorização do Mediano e a Cultura do Vítimismo
Vivemos, hoje, em uma sociedade que valoriza o mediano, em detrimento da competição e do reconhecimento aos que se destacam. Como ensinou Friedrich Hayek, “Liberdade significa não apenas que o indivíduo tem a chance e o risco de sucesso, mas também que ele suporta as consequências do fracasso”.
Nesse sentido responsabilidade individual não apenas molda o caráter, mas é pré-requisito para o desenvolvimento humano, fracassos tornam-se lições valiosas que pavimentam o caminho do sucesso.
O mundo real não funciona com base em autoestima: ele recompensa esforço, a competência e resiliência. No mercado, muitos desistem diante da primeira crítica ou dificuldade, transformando frustrações em traumas e reforçando a narrativa de que o mundo é cruel. Como bem destacou Thomas Sowell: “Uma das consequências do não enfrentamento de responsabilidades é o surgimento de desculpas sofisticadas para o fracasso”.
Nas redes sociais, influencers reforçam esse culto ao vitimismo e à mediocridade, e se vangloriam em não entrar no mercado de trabalho por recusa em lidar com rotinas e metas. Muitos, sob a bandeira da inclusão, negam evidências científicas sobre saúde em nome da celebração de corpos “não comuns” — ainda que isso comprometa sua própria saúde. Jovens desistem de empregos após a primeira crítica, universitários acusam professores de “violência psicológica” diante de uma reprovação, e adultos culpam o mundo por fracassos amorosos.
A Geração e o Estado Paternalista
Não por acaso, quando o mercado e as redes sociais falham em atender essas demandas, essa geração volta-se ao Estado, exigindo programas de renda e “incentivo” — como o Bolsa Aluno — ou apelando à justiça para censurar piadas e comentários na internet.
Por sua vez, a iniciativa privada, que premia mérito, passa a ser demonizada, enquanto o Estado paternalista torna-se o refúgio emocional.
Os dados são preocupantes: em 2023, segundo o IBGE, 21,2% dos jovens entre 15 e 29 anos eram “nem-nem” — não estudavam nem trabalhavam, somando mais de 10 milhões de jovens no Brasil. Mesmo em seu auge produtivo, evitam esforço para não enfrentar frustrações.
Assim, resgatar a ideia de que ninguém é especial por direito, apenas por conquista, não é crueldade — é compaixão, pois só assim formaremos pessoas fortes, capazes de crescer com os desafios inevitáveis da vida, criando uma sociedade competitiva, inovadora, na qual os indivíduos aprendem mais com o fracasso de que com as vitórias.