O que diz a ciência

Seu pet sabe o que você sente? Pesquisadores respondem

Animais de estimação estão realmente tentando nos consolar quando estamos tristes — ou apenas querendo comida?

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Foto: Instagram @clpetphoto
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Uma pesquisa feita em 2021 apontou que 80% dos donos de cães acreditam que seus pets os ajudaram a enfrentar momentos difíceis. A professora de ioga Sally Bayly, de East Sussex no Reino Unido, contou ao jornal The Guardian que, após a morte do marido em 2020, a cachorrinha de estimação da família, Lola ficou mais próxima dela e dos filhos. “Era como se ela tivesse perdido um dos membros da matilha e estivesse determinada a não perder mais nenhum”, disse.

“Quando alguém está triste, ela vem, deita perto, encosta a cabeça ou lambe nossas mãos, rosto ou roupas.” Lola também passa a sensação de segurança para os alunos nas aulas de ioga: caminha silenciosamente entre eles durante o relaxamento e só se deita quando percebe que todos estão tranquilos.

O que a ciência diz?

Apesar desses relatos, parte da comunidade científica resiste a atribuir esse tipo de comportamento à empatia. Uma pesquisa recente concluiu que “é improvável que cães sejam capazes de empatia ou compaixão”.

Karen Hiestand, pesquisadora em ética animal do Royal Veterinary College, explica que ainda há uma crença de que habilidades emocionais mais complexas, como a empatia, são exclusivas dos humanos. Quando essas qualidades são atribuídas a outros animais, muitos cientistas chamam isso de antropomorfismo — projetar características humanas em outras espécies.

Hiestand destaca a diferença entre “contaminação emocional” — quando alguém apenas reflete a emoção de outra pessoa, sem entendê-la — e a empatia verdadeira, que envolve um componente cognitivo: compreender o que o outro sente e tentar ajudar. Para investigar esse tipo de empatia em animais, pesquisadores adaptaram testes originalmente criados para crianças pequenas. Um exemplo é quando o tutor finge estar ferido ou chorando, e os cientistas observam se o animal reage com indiferença ou tenta confortar a pessoa.

O resultado dos estudos

Em um dos estudos, os cães reagiram não apenas ao choro dos donos, mas também ao de estranhos. Se fosse apenas contaminação emocional, eles buscariam conforto com os donos quando o estranho chorasse. Mas os cães se aproximaram do estranho para oferecer consolo, sugerindo uma forma mais elaborada de empatia.

Jon Bowen, consultor comportamental no Queen Mother Hospital for Animals, também estuda a forma como cães e humanos se comunicam. Em uma palestra recente, ele explicou que os cães desenvolveram a habilidade de observar rostos humanos de modo diferente do que fazem com outros cães.

Em humanos, as emoções tendem a se manifestar com mais clareza no lado esquerdo do rosto, e as pessoas, instintivamente, olham mais para esse lado quando tentam entender como alguém está se sentindo. Segundo Bowen, os cães aprenderam a fazer o mesmo: quando nos observam, focam mais no lado esquerdo do nosso rosto — uma adaptação específica para conviver conosco. Com outros cães, isso não acontece, pois as expressões faciais caninas são mais simétricas.

E os gatinhos?

Os gatos também se adaptaram à convivência com humanos. Embora não expressem emoções com o rosto da mesma forma que os cães, eles reconhecem tons de voz e expressões humanas e desenvolveram um repertório vocal direcionado principalmente a nós. Ainda assim, um estudo da Universidade de Milão mostrou que a maioria das pessoas tem dificuldade em interpretar corretamente os diferentes tipos de miado.

Mesmo com milhares de anos de convivência, ainda compreendemos pouco do que cães e gatos realmente pensam. Mas as evidências sugerem que, ao contrário de nós, eles estão ficando cada vez melhores em entender o que sentimos.

*Com informações do parceiro R7

Redação Folha Vitória

Equipe de Jornalismo

Redação Folha Vitória é a assinatura coletiva que representa a equipe de jornalistas, editores e profissionais responsáveis pela produção diária de conteúdo do Folha Vitória. Comprometida com a excelência jornalística, a equipe atua de forma integrada para garantir informações precisas, atualizadas e relevantes, sempre alinhada à missão de informar com ética, democratizar o acesso à informação e fortalecer o diálogo com a comunidade capixaba. O trabalho do grupo reflete o padrão de qualidade da Rede Vitória de Comunicação, consolidando o veículo como referência em jornalismo digital no Espírito Santo.

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