Cleiton Santana dos Santos, acusado de matar a enfermeira Íris Rocha, em janeiro de 2024, irá a júri popular por feminicídio no dia 1º de dezembro, no Fórum de Alfredo Chaves, onde o crime ocorreu. A decisão foi anunciada pelo juiz Ario Mergár.
Os dois mantinham um relacionamento e Íris estava grávida de 8 meses quando foi assassinada. Após matar a vítima, Cleiton teria levado a jovem para uma área de mata, onde jogou cal desidratado sobre o corpo para agilizar o processo de decomposição.
Segundo as investigações e relatos de testemunhas, Íris vivia um relacionamento abusivo com o acusado, considerado extremamente controlador.
De acordo com amigas da vítima, o réu a deixava no trabalho e a esperava na porta até o momento da saída. Ele chegava a lavar e a cheirar as roupas de Íris para constatar que ela não teria tido contato com outros homens.
Cleiton responderá por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima, feminicídio. Além disso, também responderá por porte de arma de uso restrito.
Enfermeira grávida de 8 meses foi morta com 4 tiros
O crime aconteceu em 11 de janeiro de 2024, na localidade de Carolina, em Alfredo Chaves. Segundo a denúncia, Cleilton, agindo de forma premeditada, levou a vítima a um lugar ermo, de mata e sem residências por perto, e fez quatro disparos de arma de fogo contra ela.
Durante o período de oitivas, a defesa de Cleiton teria tentado alegar que o suspeito sofria de transtornos mentais, o que foi descartado por não haver provas de que havia qualquer indício de insanidade.
O crime teria sido motivado pelo fato do ex-namorado duvidar que seria pai do filho que Íris esperava. Ele teria contado isso para o próprio pai. No entanto, exames de DNA comprovaram que Cleiton era o pai da criança.
As investigações também mostraram que a vítima foi alvejada por quatro tiros, sendo um no braço esquerdo, dois na axila e um na cabeça, acima do olho direito.
Enfermeira relatou agressão do ex-namorado em áudio
À época do crime, um áudio obtido pela reportagem do Folha Vitória, enviado para uma amiga, Íris denunciou sobre a agressão física que sofreu por parte do então namorado, Cleilton Santana.
Na mensagem, ela narra que “apagou e acordou no chão cuspindo sangue”. O caso aconteceu em outubro do ano passado, pouco mais de três meses antes de ser executada.
A delegada Maria da Glória Pessotti, titular da DP de Alfredo Chaves destacou que o desfecho do caso serve como lembrete da importância da conscientização sobre a gravidade do feminicídio. “E da necessidade de combater ativamente a violência contra as mulheres”.
O que diz a defesa do réu
Por nota, a defesa de Cleiton informou que aguarda o julgamento de Habeas Corpus pelo Superior Tribunal de Justiça, no qual se discute se a denúncia oferecida pelo Ministério Público será mantida em sua integralidade ou retificada quanto a qualificadoras e causas de aumento que se mostram manifestamente incompatíveis com as provas dos autos.
“Em primeiro grau, o Juízo deixou de reconhecer uma das causas de aumento constantes da denúncia, o que levou o Ministério Público a recorrer. A defesa, por sua vez, também interpôs recurso, impugnando qualificadoras e causas de aumento sem respaldo probatório. O Tribunal de Justiça, contudo, acolheu apenas o recurso ministerial”, informou a defesa por nota.
Posição do MPES
O MPES informou que processo segue seu curso regular, e o MPES atuará firmemente para que as condutas imputadas sejam reconhecidas em juízo e o acusado responsabilizado nos termos da lei.
. Ele responderá pelos crimes de homicídio qualificado, feminicídio, aborto sem consentimento da gestante, ocultação de cadáver e concurso material.