Advogado Cleiton Ronai Dias, preso por ligação com triplo homicídio na Serra
Advogado Cleiton Ronai Dias, preso por ligação com triplo homicídio na Serra. Reprodução/PCES

O advogado Cleiton Ronai Dias Lino está entre os seis presos em uma operação da Polícia Civil que teve como alvo suspeitos de envolvimento em um triplo homicídio registrado no bairro Novo Horizonte, na Serra, em 11 de julho deste ano.

De acordo com a investigação, Cleiton atuava como mensageiro do tráfico de drogas e repassava informações para lideranças do tráfico presas e transmitia ordens para traficantes do lado de fora.

O esquema foi descoberto em 18 de setembro, quando o traficante Rafael Martins, conhecido como Barata, foi preso. Ao todo, seis acusados estão na cadeia e outros três seguem foragidos.

Rafael é braço direito de Lucas Henrique Soares, o 2B, chefe do tráfico no Morro da Garrafa, em Vitória. Lucas é apontando como mandante do ataque a tiros que culminou no triplo homicídio em julho.

Assim que prenderam Rafael, policiais apreenderam o celular dele, onde encontraram diversas mensagens, além de cartas enviadas pelos traficantes ao advogado, como explicou o delegado Rodrigo Sandi Mori.

Delegado Rodrigo Sandi Mori
Delegado Rodrigo Sandi Mori. Foto: Reprodução de vídeo/Sesp

“Com a prisão do Rafael, nós apreendemos o celular dele e a partir da análise desse aparelho identificamos o advogado Cleiton Ronai. Neste aparelho está uma carta enviada pelo Rafael através do advogado Cleiton para o Lucas no dia 17 de setembro, por volta de 12h25”, disse.

Ainda segundo o delegado, a carta abordava diversos assuntos, dentre eles, gerenciamento do tráfico de drogas, aquisição de armas e até mesmo execução de desafetos.

“Essa carta versava sobre movimentação financeira, auditoria interna do tráfico de drogas, gerenciamento de cartas e munições e também pontos de tráfico de drogas”, contou.

Pistola, celulares e R$ 14 mil apreendidos

Com o advogado a polícia apreendeu dois celulares e R$ 14 mil. Ele também tinha a licença de uma pistola 9 milímetros, que foi recolhida.

Material apreendido com o advogado. Reprodução/PCES

Ainda segundo a investigação, Cleiton atuava até fora da Grande Vitória e chegou a visitar Lucas na cadeia por mais de 30 vezes.

Isso chamou atenção da polícia, uma vez que Cleiton não atuava em nenhum processo em que Lucas estava envolvido.

“Nós notamos que Cleiton visitou Lucas 35 vezes no período de fevereiro a setembro de 2025, e que o advogado não atuava em nenhum processo do Lucas, processo inclusive que traz a condenação dele por tráfico e associação ao tráfico”, relatou Sandi Mori.

Os homicídios

De acordo com delegado Sandi Mori, o ataque que resultou no triplo homicídio foi motivado por disputa no tráfico de drogas entre criminosos de Vitória e da Serra.

O ataque aconteceu após uma suposta traição de um traficante que agia como ponte entre o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Primeiro Comando de Vitória (PCV).

Segundo Sandi Mori, este traficante havia saído da prisão em 2023 e, para se reerguer, se uniu aos traficantes do Morro da Garrafa, faccionados do TCP. Em seguida, trocou de lado e se aliou a um criminoso conhecido como Serginho Cauê, membro do PCV.

Veja o momento dos disparos:

Com a união, os criminosos do PCV fizeram com que os traficantes do Morro da Garrafa não conseguissem expandir o mercado de drogas para a Serra, o que provou a retaliação.

“Após se reerguer, ele trocou de lado e passou a agir ao lado de Sérgio Raimundo, vulgo Serginho Cauê, que está foragido no Rio de Janeiro e é membro do PCV. Os dois travaram as drogas dos traficantes do Morro da Garrafa, que estavam colocando drogas naquele local e por esse motivo ensejou o crime, como demonstração de poder e retomada do tráfico de drogas pelos traficantes do Morro da Garrafa, cuja a facção é o TCP”, explicou.

Os suspeitos do crime

Participaram do ataque Carlos Eduardo Gomes, vulgo 2K, Raoni Bernardo Soares, José Augusto Rodrigues, o Tuiú, Igor Daniel dos Santos, conhecido como Gaspar, Samuel de Paula, conhecido como Secão e Gabriel Tadeu, vulgo Paquetá.

O delegado Sandi Mori detalhou que Igor foi responsável por identificar o local do ataque. Já Carlos Eduardo, além de participar efetivamente da execução, foi o responsável por apontar as vítimas que deveriam ser executadas.

Os criminosos chegaram ao bairro e, em frente a uma distribuidora de bebidas, abriram fogo antes mesmo de saírem dos carros. Foram mais de 50 disparos, que mataram três pessoas e feriram outras três.

“Eles chegaram a Serra pela Reta do Aeroporto, foram até uma residência próxima ao local, organizaram o ataque. Em um dos veículos, o Gabriel, Paquetá, que está foragido, foi responsável por dirigir o veículo, o Raoni estava no banco do carona e no banco de trás o José Augusto, Igor, Samuel e o Carlos Eduardo”, explicou o delegado.

Foram mortos: Marcelo Henrique dos Santos Silva, Marcos Vinícius de Souza Rodrigues, que eram traficantes da facção rival e alvos dos ataques, e Thiago Azevedo, que não tinha ligação com o tráfico e estava no local apenas para comprar um caldo de cana.

Fuga e invasão de condomínio

Após o ataque, a Polícia Militar foi acionada e policiais trocaram tiros com os criminosos. Um dos suspeitos, Igor Daniel dos Santos, foi baleado no pé, mas conseguiu ajuda de um morador do bairro Novo Horizonte, que pediu um transporte para levá-lo de volta ao Morro da Garrafa.

Já Carlos Eduardo e Samuel fugiram por uma área de mata e chegaram a invadir um condomínio na região do tiroteio. Eles pediram um carro por aplicativo e conseguiram ir embora do local.

Igor, Carlos Eduardo e Samuel são os três envolvidos no crime que seguem foragidos. A polícia alerta que informações sobre o paradeiro dos criminosos podem ser repassadas pelo Disque Denúncia 181.

Ao todo, nove pessoas estão envolvidas no crime. Todas responderão por triplo homicídio e tripla tentativa de homicídio, concluiu o delegado.

Veja quem é investigado:
Reprodução/PCES

*Com informações da repórter Luciana Leicht, da TV Vitória/Record

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.