Ônibus relativamente vazios, horários específicos e locais de apoio. Essas são algumas características dos coletivos do Transcol alvos da “Tropa do Guigui”, quadrilha responsável por assaltos e ataques violentos a ônibus da Grande Vitória.
Segundo a Polícia Civil, liderados por Fagner Claudino Santos, de 22 anos, mais conhecido como Guigui, o grupo segue um modus operandi organizado: geralmente, homens jovens entram no ônibus escolhido como passageiros comuns. Quando o veículo deixa o terminal, eles anunciam o assalto e dão início à violência.
Com as investigações nós percebemos que os autores desse tipo de crime criam um know-how, uma forma de trabalhar muito peculiar. Percebemos que eles entram no coletivo, geralmente em três ou quatro indivíduos e sentam de forma espalhada. Quando o primeiro anunciam o roubo, os demais se levantam e começam a fazer o que eles chamam de ‘rapa’, que é roubar todos os passageiros que estão dentro do coletivo.
Alan Moreno, delegado
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Guigui é natural de Central Carapina e é apontado como um dos mentores e organizadores dos assaltos. Ainda de acordo com a Polícia Civil, ele é considerado um especialista.
“Eles fazem um trabalho de formiguinha e todos os dias eles vão cometendo crimes. Eles são em torno de 10 a 12 indivíduos, e nós já conseguimos qualificar 8 deles e, principalmente o líder, o Guigui, é um indivíduo de altíssima periculosidade”, destaca o delegado.
Celulares, dinheiro e itens de valor são os principais alvos do grupo.
Momentos de terror
Em um dos casos, em maio deste ano, um motorista foi atacado diversas vezes com golpes de facão ao se recusar a parar em uma rodovia movimentada, na Serra. As câmeras de segurança mostram o momento em que o grupo de homens, incluindo o próprio Guigui, grita para o motorista parar, enquanto tentam passar pela roleta de segurança.
Com a recusa, Guigui consegue passar pela catraca, chega a apontar uma arma para o motorista e dá início ao ataque com o facão. O motorista conseguiu sobreviver.
Outro ataque na Serra, cometido durante o domingo de Carnaval, 2 de março, também foi registrado pelas câmeras. Um menor obriga uma mulher a entregar o celular que, mesmo após obedecer, acaba levando um tiro na cabeça. A vítima também conseguiu se defender.
“Ela entrega o aparelho celular e, descontente com isso, ela diz ‘essa desgraça’. Só por isso, um dos menores que estava armado efetua o disparo de arma de fogo na região da cabeça dela”, explica Moreno.
A mulher é moradora de Vitória. Em entrevista concedida por telefone, a vítima explicou que, possivelmente precisará passar por cirurgia para retirar os fragmentos de chumbo que se alojaram em sua cabeça e pescoço.
Serra e Vitória lideram as ocorrências
Só nos quatro primeiros meses de 2025, 1.104 ocorrências de furtos e roubos dentro de coletivos foram registradas. Cerca de um trabalhador capixaba sofre violência dentro do Transcol a cada pouco mais de duas horas e Vitória e Serra lideram as estatísticas.
Na tentativa de diminuir os números, as câmeras de monitoramento dos transportes públicos estão sendo trocadas para equipamentos de maior qualidade. As imagens são monitoradas pela segurança pública e a atualização tem ajudado o trabalho investigativo da polícia.
Nós trabalhamos com fatos que acontecem no dia a dia. Todo dia, se uma pessoa é roubada no coletivo e ela faz um boletim, aquilo vai gerando uma estatística e vamos conseguindo entender o mapa criminoso. Entendemos onde essas pessoas estão cometendo mais crimes e onde as pessoas são mais vítimas, conseguindo focar nessas regiões.
Alan Moreno, delegado
Com informações da repórter Nathalia Munhão, da TV Vitória/TV Record
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