
A Polícia Civil informou, nesta sexta-feira (03), que a Polícia Científica vai realizar análise pericial das bebidas bebidas falsificadas em São Paulo que foram apreendidas na quinta-feira (2) à venda numa distribuidora em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo.
O objetivo da análise é determinar quais substâncias estão presentes no material apreendido e verificar se há metanol nas bebidas.
Apesar das apreensões, não há, até o momento, investigações em andamento sobre casos de intoxicação por metanol no Espírito Santo semelhantes às notificadas no estado de São Paulo.
Apreensão em Cachoeiro
A Operação Brinde Amargo apreendeu bebidas falsificadas à venda numa distribuidora em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. Os produtos, segundo as investigações, foram falsificados em São Paulo. Um homem, de 24 anos, foi preso durante a operação.
A investigação teve início em julho, a partir de uma denúncia da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) sobre a venda de gins, vodcas e uísques adulterados, por meio de um perfil e uma rede social. A partir daí, o suspeito foi identificado como principal responsável pelo esquema.
No local, peritos da Polícia Científica, junto a um especialista da Abrabe, constataram a falsificação de diversas garrafas de bebidas de marcas conhecidas. Segundo a Polícia Civil, exames preliminares, incluindo análise por cromatografia, confirmaram a adulteração dos produtos, que apresentam riscos à saúde.
Alerta a estabelecimentos e profissionais de saúde
Diante da crise do metanol, identificada a partir de casos de intoxicação e mortes ocorridos em São Paulo por ingestão de bebidas contaminadas com a substância, a Secretaria da Saúde do Espírito Santo (Sesa) publicou três notas técnicas e um alerta direcionados às vigilâncias municipais, aos estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas e também aos profissionais de saúde.
Entre as publicações, está o Alerta nº 01/2025, de 02 de outubro, que orienta os profissionais de saúde quanto ao atendimento de casos de intoxicação exógena por metanol. Também foi divulgada a Nota Técnica Conjunta nº 008/2025, que traz recomendações específicas para o manejo clínico e a notificação imediata de casos suspeitos após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas.
Além disso, a Nota Técnica nº 07/2025 apresenta orientações sobre os cuidados na aquisição e comercialização de bebidas alcoólicas, destacando ações de prevenção contra adulterações, e a Nota Técnica nº 008/2025 trata do reforço na fiscalização, com foco na rastreabilidade, regularidade e segurança dos produtos comercializados.
Alerta à população
Além das orientações aos estabelecimentos, a Sesa estendeu o alerta sobre a intoxicação pelo metanol à população capixaba.
“A substância é um tipo de álcool tóxico, utilizado principalmente como solvente industrial, combustível. Diferente do etanol (álcool comum encontrado em bebidas), especialistas afirmam que o metanol não deve ser ingerido em nenhuma circunstância, pois, mesmo em pequenas quantidades, pode causar intoxicação grave e levar a óbito”, diz nota enviada pela secretaria.
A médica toxicologista do Centro de Informação e Assistência Toxicológica – Ciatox-ES, Rinara Angélica de Andrade Machado, informa que as principais fontes para a intoxicação pela substância são o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas; manipulação incorreta de solventes; combustíveis ou produtos químicos contendo metanol; e ingestão acidental por crianças ou adultos que o confundem com água ou outras bebidas.
Os principais sintomas da intoxicação pelo metanol são náuseas, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça intensa, tontura, fraqueza, alterações visuais (como visão turva, perda da visão ou “manchas” na visão), respiração acelerada, convulsões e perda de consciência.
“A intoxicação por metanol pode levar à cegueira permanente e até ao óbito”, alerta a médica.
A Sesa ressalta alguns cuidados para prevenir a intoxicação pela substância:
- Não consumir bebidas de origem duvidosa (sem rótulo, sem registro ou vendidas em locais informais);
- Comprar bebidas somente em estabelecimentos confiáveis e exigir nota fiscal;
- Verificar o rótulo e o lacre da embalagem (não consumir se houver sinais de violação ou adulteração);
- Evitar o consumo de bebidas artesanais sem procedência comprovada (como destilados caseiros não fiscalizados);
- Adquirir bebidas apenas de fabricantes legalizados e com selo fiscal;
- Manter atenção em festas ou eventos informais, onde bebidas adulteradas podem ser oferecidas.
“Em caso de suspeita de intoxicação, a pessoa deve procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo e, se possível, levar a embalagem ou amostra da substância ou bebida ingerida”, orientou a médica toxicologista.
A população também pode entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica – Ciatox-ES pelo telefone 0800 283 9904.