Cabeleireiro Wisley Almeida denuncia ter sido alvo de homofobia
Foto: Reprodução/Instagram

Um cabeleireiro de Cariacica denunciou ter sido vítima de injúria homofóbica após receber áudios com ofensas do marido de uma cliente. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

Wisley Almeida, de 26 anos, mantém há três anos um salão no bairro Itapemirim, onde atende cerca de 50 clientes por semana. Ele contou que as mensagens ofensivas foram enviadas na semana passada.

Segundo o cabeleireiro, o marido da cliente usou palavras pejorativas e afirmou que a esposa não voltaria mais a ser atendida por ele.

Eu vi que ela havia me mandado uma mensagem, era por volta de 20 horas, mas não respondi na hora. Logo em seguida, umas 21 horas, respondi a mensagem. Ele já estava me ofendendo com falas agressivas e eu agi como profissional. Até queria agir por impulso, mas eu não pude na hora.

Wisley Almeida, cabeleireiro

Wisley divulgou os áudios enviados pelo suspeito. Nas mensagens, o homem utiliza xingamentos homofóbicos e proíbe que a esposa seja atendida pelo cabeleireiro ou por qualquer outro homem.

“Diz que você é vi…, boi…, mas eu vou te bloquear aqui, porque não tem necessidade de a minha mulher arrumar o cabelo com homem ou vi… não, entendeu? Eu não quero saber da minha mulher arrumar cabelo com homem e nem com ninguém. Aqui no bairro tem muito salão bom”, disse o suspeito.

O cabeleireiro relatou ainda que, ao perceber o conteúdo dos áudios, sentiu-se constrangido e revoltado. “A gente fica constrangido de primeiro momento. Até onde vai a maldade do ser humano?”, desabafou.

A mãe de Wisley também se manifestou sobre o caso. Ela afirmou que o filho trabalha muito e tem muito orgulho das conquistas que ele já teve na vida.

“Ele é um rapaz trabalhador, até dia de domingo meu filho trabalha. Todo mundo gosta dele, Wisley sempre ajuda quem pode ajudar”, afirmou a mãe.

“Isso não é brincadeira”, desabafa

Com o apoio da família, amigos e clientes, Wisley decidiu registrar a ocorrência na polícia, no 16º Distrito Policial do município. O cabeleireiro espera que o caso sirva de alerta.

“Isso não é brincadeira. Temos que respeitar as pessoas, independentemente da sexualidade, etnia ou raça. Eu espero que a justiça seja feita”, disse.

Lei prevê prisão de até 5 anos

Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homofobia e a transfobia ao crime de racismo, o que prevê pena de até cinco anos de prisão e multa para quem praticar atos discriminatórios.

O caso foi encaminhado à Polícia Civil e segue em apuração. Até o momento, não há informações sobre o autor das ofensas ter sido ouvido pelas autoridades.

A TV Vitória/Record tentou contato com o suspeito do crime, pelo celular que encaminhou os áudios, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

*Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/Record.

*Texto sob supervisão da editora Elisa Rangel

Ana Piontkowski *

Estagiária

Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e estagiária do Jornal Folha Vitória.

Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e estagiária do Jornal Folha Vitória.