Um cachorro mantido em situação de maus-tratos foi resgatado, na terça-feira (16), durante uma ação conjunta da Prefeitura de Viana e da Polícia Civil, no bairro Caxias do Sul. O animal vivia em uma casinha improvisada sobre a laje de um imóvel, exposto ao sol e sem acesso à água ou alimentação. A tutora, uma cabeleireira, foi detida por maus-tratos.
Imagens registradas durante a operação mostram que o cachorro ficava preso a uma corrente de cerca de um metro, que frequentemente se embolava, reduzindo a locomoção do animal a aproximadamente meio metro.
Segundo a polícia, a restrição causava sofrimento contínuo, agravado pela exposição direta ao sol e pela cobertura precária do abrigo, que gerava um efeito semelhante ao de um carro fechado sob altas temperaturas.
O cachorro continuava naquela condição com uma corrente que ele se embolava. Isso causa um estado de sofrimento ao animal, ainda mais quando o animal fica exposto ao clima. Um sol de 10h ao meio-dia, incidindo diretamente no animal e com uma cobertura precária, baixa, o que faz um efeito estufa, como um carro que fica com os vidros fechados e lá dentro fica nessa situação. Para agravar a problemática, não havia uma gota de água e nenhum grão de ração.
Leandro Piquet, delegado
Esta foi a segunda vez que o imóvel foi alvo de fiscalização. Em setembro, uma equipe da Prefeitura de Viana já havia constatado irregularidades e emitido um termo de correção, com orientações e exigências para garantir o bem-estar do cachorro.
Cerca de um mês e meio depois, os agentes retornaram ao endereço, desta vez acompanhados da Polícia Civil, e verificaram que nenhuma das determinações havia sido cumprida pela cabeleireira.
Diante da reincidência, a situação deixou de ser tratada como irregularidade administrativa e passou a ser enquadrada como crime de maus-tratos. Segundo a polícia, a tutora teve a oportunidade de corrigir as condições em que o animal era mantido, mas ignorou as exigências feitas anteriormente.
Não importa se você tem um animal. Você tem que cuidar dele com os devidos cuidados, com as devidas observações que a lei exige e que o próprio animal exige. Nós observamos isso e questionamos isso a ela. Por que você tem um animal dentro da sua casa que está sendo bem cuidado e um outro animal posto ao relento? E ela falou: porque ele é menor e esse é maior e, como eu trabalho dentro da minha casa, eu não tinha condições.
Leandro Piquet, delegado
Para a Polícia Civil, o argumento não justifica a situação encontrada. De acordo com o delegado responsável pelo caso, quem decide ter um animal assume a responsabilidade de garantir alimentação, água, abrigo adequado, espaço mínimo de locomoção e interação.
O cachorro foi resgatado e encaminhado para um abrigo, onde receberá cuidados veterinários. A cabeleireira foi detida e levada para a delegacia. A investigação segue em andamento.
*Com informações da repórter Luciana Leitch, da TV Vitória/Record.