Polícia

Câmeras de reconhecimento facial ajudam a prender 200 suspeitos e ES deve expandir uso

Mais de 200 suspeitos foram presos com o auxílio da tecnologia na Grande Vitória e o governo planeja expandir o uso das câmeras no Estado

Vanderli Albano foi preso com ajuda da câmera de reconhecimento facial (Foto: Reprodução/Sesp)
Vanderli Albano foi preso com ajuda da câmera de reconhecimento facial (Foto: Reprodução/Sesp)

O sistema de reconhecimento facial usado na segurança pública da Grande Vitória está sendo estudado para ser ampliado em todo o Estado. A tecnologia, que começou a ser testada no fim de 2024, ajudou na prisão de mais de 200 pessoas até o momento.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Leonardo Damasceno, as câmeras que agora operam de forma definitiva, serão expandidas por meio de uma nova licitação.

Atualmente, 500 ônibus do sistema Transcol estão equipados com câmeras inteligentes que fazem leitura biométrica facial dos passageiros. Além disso, 15 pontos fixos da Região Metropolitana de Vitória, localizados em áreas com grande circulação de pessoas e maior índice de criminalidade, também utilizam a tecnologia.

Uma das prisões feitas com o auxílio desses equipamentos foi de Vanderli Albano da Silva, de 51 anos, suspeito de matar o motorista de aplicativo Ánderson Luiz Lira em 2020.

O suspeito estava em Cariacica, quando foi identificado por uma das câmeras de videomonitoramento espalhadas pela cidade. Ele estava com um boné, mas foi imediatamente reconhecido pelo sistema.

Como funciona o sistema

A tecnologia utiliza inteligência artificial para cruzar as imagens captadas pelas câmeras com um banco de dados que reúne:

  • 723 mil capixabas com carteira de identidade atualizada;
  • 1,1 milhão de registros migrados do sistema anterior (com possibilidade de duplicações);
  • 24 mil pessoas do sistema prisional;
  • Registros de pessoas procuradas pela Justiça e desaparecidas.

Com esse cruzamento, o sistema gera alertas automáticos em tempo real quando identifica uma possível correspondência com uma pessoa procurada. Os alertas são enviados diretamente para a equipe policial mais próxima da câmera que captou a imagem.

Para o ser humano, é impossível identificar com essa rapidez. O sistema gera um número exclusivo para cada rosto e, quando uma pessoa passa por um ponto de captação, ele faz um ‘match’ com as imagens do banco de dados. Se a compatibilidade for superior a 90%, um alerta é emitido. A confirmação da identidade e a abordagem continuam sendo feitas por policiais, explicou Damasceno.

O secretário também enfatizou que o sistema é seguro e respeita os direitos individuais. Ele destacou que os algoritmos utilizados são exclusivos para cada rosto e não fazem distinção por cor, gênero ou qualquer outra característica física.

A tecnologia é muito robusta. Testamos por bastante tempo para garantir que não haveria falhas. O que fica armazenado é um número gerado a partir do rosto da pessoa. O sistema não guarda a imagem diretamente, mas sim um código matemático, o que aumenta a segurança e a privacidade, pontuou.

Pontos estratégicos para mais segurança

Os pontos fixos de leitura facial foram posicionados estrategicamente em locais de grande fluxo e considerados críticos pela segurança pública.

Com os resultados positivos, o governo já ultrapassou as 200 prisões realizadas por reconhecimento facial, somando as feitas durante a fase de testes e a atual. A expectativa é que esse número aumente com a ampliação da cobertura.

A prisão de número 200 foi anunciada nas redes sociais, na manhã de quinta-feira (3), pelo governador Renato Casagrande. “Para nós, isso é fundamental, pois mostra a importância do investimento em tecnologia e inovação na área da Segurança Pública, para que a gente possa continuar reduzindo a violência no Estado do Espírito Santo”, afirmou.

Minutos depois, o sistema identificou mais um suspeito e emitiu um novo alarme, em Vila Velha. O homem, de 34 anos, reconhecido pelas câmeras tinha um mandado de furto em aberto e foi o preso de número 201 com o auxílio da tecnologia.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.

Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.