Bruna foi presa na última terça, em Goiânia, acusada de aplicar golpes pela internet em pessoas de vários estados Foto: Reprodução/Instagram

A modelo Bruna Cristine Menezes de Castro, de 25 anos, mais conhecida como “Barbie”, presa por estelionato, na última terça-feira (11), em um apartamento em Goiânia, teria feito pelo menos sete vítimas no Espírito Santo. A informação é do delegado Eduardo Prado, da Delegacia Estadual de Defesa do Consumidor (Decon) de Goiás, responsável pelas investigações.

De acordo com o delegado, essas pessoas teriam encomendado, cada uma, um celular no valor aproximado de R$ 2 mil. Com isso, o prejuízo causado pela suspeita a capixabas pode ter chegado a aproximadamente R$ 14 mil.

Segundo Prado, duas dessas supostas vítimas disseram ser moradoras de Vitória. As demais não especificaram em que município moram, dizendo somente que eram do Espírito Santo.

O delegado conta que as vítimas entraram em contato com ele via Facebook, na última quinta-feira (13). No entanto disse que, até o momento, não chegou à Decon nenhum registro formal de ocorrência envolvendo pessoas do Espírito Santo que teriam sido lesadas pela suspeita.

“Orientei essas pessoas que procurassem a delegacia de Polícia Civil do Espírito Santo mais apropriada para esse tipo de ocorrência e registrassem um BO. Infelizmente muitas vezes a pessoa não procura a polícia porque acha que não vai dar em nada. Mas estamos mostrando que a polícia trabalha para esclarecer esse caso e que as denúncias são muito importantes para isso”, frisou.

Eduardo Prado explicou que, após a pessoa registrar o boletim de ocorrência, o inquérito é conduzido pela delegacia do Estado em que ela mora. No entanto, o depoimento será conduzido pelo titular da Decon, que enviará para a polícia local um documento com as perguntas a serem feitas à vítima.

Segundo o delegado, por enquanto a polícia goiana registrou somente ocorrências de pessoas de Goiás, Brasília e Rio de Janeiro, que disseram ter sido vítimas da “Barbie”. No entanto, ele acredita que a suspeita tenha aplicado golpes em pessoas de vários outros estados.

“Além do Espírito Santo, Goiás, Brasília e Rio de Janeiro, também recebi mensagens de pessoas de Manaus, São Paulo, Recife e muitos outros lugares. Se essas informações forem mesmo verdadeira, a pessoa precisa procurar a polícia, que vai ajudar o nosso trabalho”, destacou.

Por meio de nota, a Polícia Civil do Espírito Santo informou que os delegados da Delegacia de Defraudações e Falsificações e da Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos ainda não têm conhecimento sobre ocorrências relacionadas ao fato.

Prisão

Delegado Eduardo Prado conduz as investigações Foto: Reprodução

Bruna foi presa dentro de um apartamento em Goiânia, que teria sido alugado por 30 dias e estava praticamente vazio no momento da ação policial. A mulher confessou que praticava os crimes havia quatro meses. Porém, a polícia acredita que ela agia há pelo menos quatro anos e que o número de vítimas pode passar de mil. Em um dos golpes, um analista de sistemas perdeu R$ 20 mil para a jovem.

De acordo com Eduardo Prado, ela tem cidadania italiana e pretendia fugir para Rússia, onde a mãe dela mora. Ainda segundo o delegado, a primeira denúncia feita contra a modelo foi de um rapaz que procurou a delegacia em abril deste ano. Ele relatou que Bruna aplicava golpes em várias pessoas vendendo smartphones pela internet, mas não enviava os aparelhos.

A polícia começou a investigar a jovem e foi procurada por cerca de 20 pessoas. Um grupo de vítimas criou um perfil no Instagram para alertar possíveis compradores. Segundo os denunciantes, Bruna vendia maquiagens e outros produtos importados. Os clientes depositavam os valores em contas bancárias, mas não recebiam as mercadorias.

De acordo com o delegado, quando era procurada pelos clientes insatisfeitos, Bruna inventava histórias para justificar os atrasos das entregas. Inclusive, ela chegou a dizer que o pai dela estava com câncer. Depois de lesar centenas de pessoas, ela trocava o perfil na rede social.

Um analista de sistemas do Rio de Janeiro também procurou a polícia alegando ter sido vítima de Barbie. Em 2011, ele teve um relacionamento com ela pela internet. Durante o namoro, ela disse a ele que tinha câncer e chegou a mandar fotos do cabelo caindo. Para ajudá-la no falso tratamento contra a doença, o homem perdeu cerca de R$ 20 mil.

Segundo Prado, Bruna é mitomaníaca (tem compulsão por mentir) e possui uma personalidade doentia. “Bruna é fria e calculista. Ela vive em um mundo como se fosse rica e ostentava muito”, disse.

A polícia acredita que, com a divulgação do caso, mais vítimas entrarão em contato. O delegado faz um alerta para que as pessoas não caiam em golpes como estes. “Eu faço um alerta para a população não comprar produtos em qualquer site e utilizar o sistema de pagamento seguro, quando você só paga ao receber a mercadoria. Também não pode passar dados pessoais para qualquer pessoa”, destacou.

Bruna confessou que praticava parte dos crimes, mas alegou não saber quanto recebeu nem o número de pessoas que prejudicou. A Justiça decretou a prisão preventiva da modelo, que permanece presa em Goiânia.

A jovem foi indiciada por estelionato e falsidade ideológica, pois apresentou a identidade da prima quando foi presa. Durante a investigação, o marido dela pediu a anulação do casamento. Bruna tem um filho pequeno.