O casal Maycon Milagre da Cruz e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, suspeito pela morte do próprio filho, Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos, passará por audiência de instrução no dia 5 de maio. A defesa de Jeorgia informou que um pedido de soltura da mãe será analisado ainda neste mês.
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À reportagem do Folha Vitória, o advogado Carlos Bermudes, que atua na defesa de Jeorgia, afirmou que entrou com um pedido a soltura da mãe e que não houve flagrante na prisão dela.
“Entramos com o pedido de habeas corpus há mais de um mês. Ele ia ser julgado na semana passada, mas foi marcado para o dia 15 de março. Neste habeas corpus, a gente alega, em resumo, que não existiu flagrante na prisão dela e que, além disso, é possível a aplicação de medidas cautelares na substituição da prisão”, disse.
O crime aconteceu no dia 4 de julho de 2022 e o menino morreu na madrugada do dia seguinte, após ser internado com sinais de tortura e violência sexual.
“Temos contato com ela todo mês, e ela aguarda a justiça. A gente nega a participação dela e ela espera que tudo fique esclarecido quanto antes”, citou Bermudes ao ser questionado sobre a expectativa de Jeorgia.
No início de agosto, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vila Velha, denunciou o casal pela morte da criança.
Maycon e Jeorgia estão presos desde o dia 6 de julho de 2022. Na denúncia do MPES, é relembrado que a causa da morte, registrada no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, o Himaba, em Soteco, foi choque séptico por peritonite, decorrente das lesões provenientes de perfuração do reto e do ânus.
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Criança foi internada com suposta pneumonia
Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, foi internado em 4 de junho de 2022 no Himaba, em Vila Velha, e teria tido uma morte súbita.
À época, a Polícia Civil, informou que a criança tinha morrido em decorrência de uma suposta pneumonia. Porém, foram identificados sinais de um possível abuso sexual. Por conta da suspeita, o corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal para passar por exames.
De acordo com os agentes de investigação, os pais do menino, Maycom e Jeorgia, não concordaram com a realização do procedimento. Ao final do exame, eles foram conduzidos para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha.
Durante a autópsia, o médico legista identificou que a vítima foi violentada sexualmente. A criança teria tido uma perfuração no reto e no ânus devido a um trauma. A polícia suspeita que um objeto contundente foi inserido no ânus do menino e provocou lesões que romperam o intestino.
Segundo o médico legista, o menino também teve lesões no rosto, no dorso, no braço esquerdo e na perna. A suspeita é que alguns ferimentos tenham sido provocados por queimaduras de cigarro.
Casal conversou por aplicativo de mensagens
Durante o depoimento, em 6 de julho do ano passado, um diálogo foi encontrado pela polícia em um aplicativo de mensagens. Nele, o pai teria comentado com a esposa sobre o boletim de ocorrência registrado enquanto Jorge ainda estava hospitalizado:
“Sobre o boletim que você fez, precisamos sentar e conversar, pois podemos ter deixado algo passar despercebido”, comentou o pai.
O documento foi registrado após o momento em que uma médica do Himaba informou à mãe que a criança poderia ter sido estuprada. Outro aspecto que chamou atenção, durante o depoimento, foi a falta de consternação dos pais.
“Desde quando chegaram à delegacia, e ficaram lá das 16h até 5h da manhã, não demonstraram tristeza com a morte do filho, nem emoção. No máximo, um leve choro. Não se olhavam e não conversavam entre si. Negam veementemente que praticaram as lesões e afirmam que, no domingo à noite, a criança dormiu com um pequeno machucado na virilha e que no outro dia acordou daquele jeito”, disse o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Alan Moreno de Andrade, durante coletiva de imprensa na época.
Sobre a hipótese de realização de um possível ritual, ainda não há respostas conclusivas.
No entanto, segundo a autoridade policial, na casa da família foram recolhidos vários objetos religiosos, “que não são de praxe das pessoas”. Questionado à época, o pai negou a presença de objetos assim na casa, mesmo tendo sido encontrados pela perícia.