Caso Alice

Caso Alice: bandidos bateram no carro onde estava a vítima antes de atirarem

Delegado Sandi Mori explica a ação da facção no crime que vitimou a menina Alice, de 6 anos, na Serra

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Foto: Montagem/ Folha Vitória
Foto: Montagem/ Folha Vitória

O assassinato da menina Alice Rodrigues, de 6 anos, é mais um capítulo do sangrento confronto entre as facções criminosas do Primeiro Comando Vermelho (PCV) e Terceiro Comando Puro (TCP) que se estende nas regiões da Grande Vitória.

Alice foi atingida na cabeça dentro do carro da família, quando criminosos armados confundiram o veículo com o de integrantes de uma facção rival.

O ataque, realizado após os bandidos baterem de carro no veículo onde estava a vítima, ocorreu em uma região marcada por disputas entre grupos ligados ao tráfico de drogas, em Balneário de Carapebus, na Serra, no último final de semana.

Além da menina, que morreu após ser baleada na cabeça, o pai foi atingido de raspão e a mãe, grávida, ficou ferida com estilhaços de vidro.

Segundo informações repassadas nesta quinta-feira (18) pela Polícia Civil, o crime em Balneário de Carapebus é controlado pelo TCP e o ataque foi realizado pelo Primeiro Comando Vermelho visando expandir as áreas de atuação no tráfico de drogas.

Na região, o PCV já comanda Praia de Carapebus, Lagoa de Carapebus, Bicanga e Cidade Continental. O único bairro que falta eles dominarem, onde estavam realizando ataques, é Balneário de Carapebus.

Delegado Rodrigo Sandi Mori, chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa do município

A polícia detalhou que, no dia do crime, um dos suspeitos, Marlon Furtado Castro, identificou o carro que seria alvo, fazendo com que Pedro Henrique dos Santos Neves e outros três executores fossem até o Balneário de Carapebus realizar a execução.

Os quatro – Pedro e outros três já identificados – foram até o bairro com um alvo determinado para ser executado, que estava em um festival de pipa. Marlon indicou o alvo que deveria ser executado, eles deram duas voltas pela rua, não acharam o alvo e, quando estavam saindo do bairro, colidiram com o veículo das vítimas.

Delegado Rodrigo Sandi Mori

Logo após o acidente, os acusados confundiram o veículo das vítimas – um Peugeot preto -com o carro que seria alvo do ataque, um Renault Kwid também de cor preta.

“A partir desse momento, eles começaram a realizar disparos de dentro do veículo e só pararam quando o pai da vítima desembarcou e pediu ‘pelo amor de Deus’ que eles parassem, pois a filha dele estava dentro do veículo e a mulher grávida”, detalhou o delegado.

Veja explicação do delegado:

Sandi Mori contou que, na fuga, os acusados deixaram para trás o veículo e uma granada que seria detonada: “Eles iriam detonar a granada para mostrar o poder de fogo do PCV e que eles estavam no local e não iriam sossegar até tomar o tráfico de drogas”.

12 pessoas participaram do crime no ES

Ao todo, 12 pessoas já foram identificadas com participação no crime. A polícia, no entanto, não descarta a possibilidade de outros envolvidos.

Os mandantes do ataque foram identificados como: Sérgio Raimundo Soares da Silva Filho, Carlos Alberto dos Santos Gonçalves Júnior e Ryan Alves Cardoso.

Sérgio integra a cúpula da facção Primeiro Comando de Vitória (PCV). Já Carlos Alberto era membro da facção Terceiro Comando Puro (TCP) e teria migrado para o PCV. Ele seria o responsável por diversos ataques que ocorreram na região de Nova Almeida entre 2023 e 2024. Já Ryan seria um dos líderes do tráfico do PCV em Lagoa de Carapebus.

Sérgio Raimundo, Carlos Alberto e Ryan Alves estão foragidos. (Foto: Divulgação/ Polícia Civil)

Sérgio lidera o tráfico de drogas do bairro Industrial, em Viana, e em São Diogo, na Serra. Também tem Carlos Alberto, que se uniu com Sérgio e, desde então, tem promovido ataques no município da Serra tentando expandir o território.

Delegado Rodrigo Sandi Mori

Sérgio, Carlos Alberto e Ryan teriam se unido para expandir a área de atuação do PCV. Após o crime, eles teriam fugido para o Rio de Janeiro e são procurados.

Os três teriam contratado Marlon Furtado Castro e Maik Rodrigues Furtado para identificar alvos a serem executados e escolher quem do grupo do tráfico cometeria o ataque. A dupla, que já foi presa, também teria que disponibilizar as armas. 

Eles receberam as ordens do Sérgio, Raimundo e do Ryan, e deveriam planejar o crime, identificar o alvo, escolher os soldados e fornecer as armas de fogo. Tinham um alvo específico para executar nesse dia.

Chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa do município, delegado Rodrigo Sandi Mori

Parte do armamento ficava escondido na casa da advogada Marina de Paula dos Santos, também presa. Ela é companheira de Marlon e, segundo a polícia, levava recados do sistema prisional para o grupo.

Marina e Marlon teriam contratado Arthur Folli Rocha, também já preso, por R$ 100 para vigiar a movimentação de viaturas entre Novo Horizonte e Balneário de Carapebus.

Ainda segundo a investigação, Marlon e Maik teriam contratado Izaque de Oliveira Moreira para dar fuga ao grupo, caso algo desse errado no ataque aos rivais. Ele teria tentado ajudar Pedro Henrique dos Santos Neves, um dos executores, na fuga, mas os dois acabaram presos.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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