
Pela primeira vez, o acusado de assassinar a enfermeira Íris Rocha, grávida de oito meses, confessou o crime. A confissão aconteceu nesta segunda-feira (1º), durante o julgamento do caso, que acontece no Fórum de Alfredo Chaves, no Sul do Espírito Santo.
O crime é julgado pelo Tribunal do Júri. As acusações são de feminicídio, homicídio qualificado e aborto sem consentimento da gestante. Uma equipe da TV Vitória acompanha o julgamento.
A repórter Ana Carolini Mota, da TV Vitória, destacou que as investigações já apontavam que Cleilton havia matado Íris. Um exame de microcomparação balística comprovou que a arma encontrada na casa do acusado foi a mesma usada no crime. A arma era registrada no nome dele com registro de Colecionador, Atirador ou Caçador (Cac).
Mas mesmo diante das provas, Cleilton continuava negando a autoria do assassinato, mas acabou confessando durante o julgamento.
Acusado desconfiava que filha não era dele
Quando foi assassinada, Íris estava grávida de oito meses de uma menina que já tinha nome: Rebeca. A criança não sobreviveu. As investigações mostraram que Cleilton era ciumento e possessivo e que desconfiava que a criança não era filha dele.
Essa desconfiança é o que teria motivado o assassinato. Mas um exame de DNA feito no bebê mostrou que Rebeca era, sim, filha de Cleilton.

Defesa diz que espera condenação
A família de Íris está no fórum acompanhando o julgamento, muito abalada com tudo o que está sendo relatado, mostrado e revivido. A família preferiu não conversar com a imprensa num primeiro momento.
O advogado da família da enfermeira, Fábio Marçal, conversou com a reportagem da TV Vitória. “A gente espera que seja um julgamento técnico, rápido e que ele seja condenado por tudo o que fez”.
A defesa de Cleilton não quis gravar entrevista, mas disse que espera que o julgamento seja direto e técnico.
A expectativa é de que o júri seja concluído ainda nesta segunda-feira e que a família se pronuncie após o encerramento. Apenas uma testemunha foi arrolada para o julgamento: a delegada Maria da Glória Pessotti, responsável pelas investigações.
O julgamento está sendo realizado em Alfredo Chaves porque o corpo de Íris foi encontrado no distrito de Carolina, no município, mas a vítima era da Serra. Apesar de Íris não ter familiares na região, o caso gerou e voltou a gerar grande comoção na cidade.
Mensagens mostram que acusado era controlador e possessivo
Mensagens expostas durante o julgamento desta segunda-feira evidenciam que Cleilton tinha um comportamento controlador e possessivo com a vítima. As mensagens mostram que ele fazia exigências sobre as roupas que ela poderia ou não usar.
Até a forma como Íris escrevia as mensagens para Cleilton passavam pelo crivo dele. Ele exigia que ela escrevesse a palavra “amor” no início e no final de cada mensagem.
Relembre o caso
Íris foi encontrada morta em 11 de janeiro de 2024, às margens de uma estrada na localidade de Carolina, em Alfredo Chaves. Segundo a denúncia do Ministério Público, Cleilton teria atraído a vítima para uma área de mata e efetuado quatro disparos de arma de fogo, sendo um no braço, dois na axila e um na cabeça.
A investigação aponta que, após o crime, ele jogou o corpo em um terreno e despejou cal desidratado para acelerar a decomposição e dificultar a localização.
Íris era enfermeira e pesquisadora. Ela fazia mestrado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Três meses antes de ser assassinada, ela denunciou à polícia agressões que sofreu por parte de Cleilton.
Na ocasião, ela teria acordado com sangue na boca após ter levado um mata-leão do então namorado. Íris já tinha um filho de oito anos.
O acusado chegou ao fórum em viatura da Polícia Penal às 7h57. As penas somadas podem variar de 20 a 30 anos de prisão, dependendo da decisão dos jurados.
*Com informações da repórter Ana Carolini Mota, da TV Vitória/Record.