A Polícia Civil concluiu o inquérito do assassinato do empresário Wallace Borges Lovato, ocorrido em junho deste ano na Praia da Costa, em Vila Velha. As equipes chegaram a cinco suspeitos do crime com uma trama complexa. A investigação apontou que Arthur Neves de Barros, o executor, teria recebido R$ 50 mil. Já o intermediário Bruno Nunes da Silva, que está foragido, teria recebido valores mensais de R$ 10 mil.
Já foram presos: Bruno Valadares de Almeida, Arthur Laudevino Candeias Luppi, Arthur Neves de Barros e Eferson Ferreira Alves. Bruno Nunes da Silva está sendo procurado pela polícia.
Além disso, foi identificado que o segundo intermediador, Eferson Ferreira Alves, recebeu R$ 8 mil e teria desembolsado o valor de R$ 20 mil, que foi repassado diretamente para Arthur Laudevino Candeias Luppi.
O que cada um teria feito no crime?
Bruno Valadares Almeida: ele é apontado como o mandante da morte de Wallace Lovato. Ele confessou que desviou dinheiro da empresa por meio de uma conta a que só ele tinha acesso. Teria afirmado que desviou cerca de R$ 4 milhões, mas as movimentações podem chegar a R$ 9 milhões, segundo a polícia.
Arthur Laudevino Candeias Luppi: ele é apontado como o motorista que dirigia o carro utilizado durante a execução de Wallace.
Arthur Neves de Barros: ele é apontado como o atirador do disparo que vitimou Wallace Lovato. O empresário foi morto com um tiro na nuca de pistola 9 milímetros.
Eferson Ferreira Alves: é apontado como intermediário do crime. Eferson alugou apartamento para ele e o executor se hospedarem após o crime, além de um carro para fuga.
Ponto a ponto: entenda morte de empresário Wallace Lovato
- O crime aconteceu na tarde de 9 de junho de 2025, uma segunda-feira. A polícia logo foi acionada e, ao chegar no local, identificou um dos veículos possivelmente usado pelos criminosos por meio de imagens de câmeras de segurança da região.
- A Polícia Rodoviária Federal foi acionada para identificar o carro e localizá-lo. Na mesma noite, investigadores descobriram que a placa do veículo que aparecia nas imagens era falsa.
- O carro dos suspeitos foi localizado no dia seguinte, abandonado próximo à alça da Terceira Ponte. Por meio do chassi, a polícia descobriu que o veículo veio de Minas Gerais com outra placa.
- Os investigadores entraram em contato com a Polícia Civil mineira e descobriram que a placa identificada na chegada ao Espírito Santo também era falsa.
- Em vistoria, a Polícia Científica coletou digitais no veículo encontrado próximo à Terceira Ponte. Em paralelo, os investigadores analisaram as imagens de câmeras de segurança em que o carro aparecia.
- A polícia descobriu que o veículo chegou ao Espírito Santo sem insulfilme. Em 3 de junho, seis dias antes do crime, o carro passou na Rodovia Darly Santos com os vidros claros e, pouco depois, foi visto na Segunda Ponte, trafegando em direção a Vitória, com o vidro escurecido.
- A partir de então, os investigadores buscaram locais onde o insulfilme pudesse ter sido colocado no veículo.
- Com apoio de imagens cedidas pela Prefeitura de Vitória, os investigadores viram pela primeira vez um dos possíveis participantes no crime: um homem. Como ele estava com a cabeça baixa, não foi possível usar as ferramentas de reconhecimento facial para identificá-lo.
- No dia 14, a polícia descobriu o local onde o insulfilme foi instalado e identificou o rapaz: Arthur Laudevino Candeias Luppi. Ele teve o pedido de prisão expedido. Os investigadores descobriram que ele fugiu para Minas Gerais. Uma megaoperação foi montada e Arthur acabou preso.
- Em depoimento, ele confessou que dirigia o crime e indicou Bruno Nunes da Silva como intermediário do assassinato, Arthur Neves de Barros como o atirador e Eferson Ferreira Alves como um dos participantes. Eferson, no entanto, desistiu do crime.
- Os mandados de prisão foram expedidos. Arthur Neves foi preso na Paraíba. Eferson Ferreira Alves e Bruno Nunes da Silva não foram localizados durante as buscas.
- Cinco dias depois, em 19 de junho, Eferson se entregou à polícia. Bruno segue foragido até o momento da publicação desta reportagem.
- Em depoimento, Eferson confessou o envolvimento e confirmou as informações já passadas por Arthur Laudevino. Segundo o depoimento do rapaz, Bruno Nunes seria o único com contato direto com o mandante do crime, que fazia pagamentos mensais de R$ 10 mil em espécie.
- Em 27 de junho, informações falsas circularam sobre a prisão de Bruno Nunes. Na segunda-feira seguinte, 30 de junho, um advogado procurou a polícia e disse que um cliente fazia pagamentos mensais ao suspeito a mando da vítima. Contudo, a polícia não encontrou indícios no celular de Wallace que confirmavam a informação.
- Diante disso, a polícia pediu a prisão temporária do diretor da empresa de Wallace, Bruno Valadares de Almeida. Ele foi preso em casa. No local, a polícia encontrou ouro e carros de luxo. Em depoimento, ele negou o envolvimento e afirmou que quem mandava ele enviar o dinheiro a Bruno Nunes era a vítima.
Veja o vídeo do crime:
Diretor suspeito de mandar matar empresário desviou milhões
- Em um segundo interrogatório, segundo a polícia, ele confessou que desviou dinheiro da empresa por meio de uma conta a que só ele tinha acesso. Ele teria afirmado que desviou cerca de R$ 4 milhões, mas a empresa vê movimentações de até R$ 9 milhões. O dinheiro seria usado para ter uma vida melhor, sendo que ele recebia mensalmente R$ 21 mil. Para a polícia, ele se apropriou da confiança da vítima para cometer o crime.
- Os investigadores também descobriram, por meio do celular de Wallace, que desde junho de 2024 o empresário desconfiava dos desvios e cobrava o diretor financeiro.
- O empresário teria contratado uma auditória externa. Com receio de ser descoberto, Bruno teria, então, planejado e contratado a execução de Wallace.
- Plano inicial para matar empresário deu errado.
- Segundo a polícia, Bruno Nunes pagou Arthur Laudevino para ir a Minas Gerais buscar o veículo com placa clonada. O carro chegou ao Espírito Santo em 30 de maio.
- Bruno Nunes e Eferson foram, então, até a Paraíba buscar Arthur Neves de Barros. Eles chegaram ao Estado em um carro alugado em 29 de maio.
- O plano inicial era que o mandante, apontado como diretor financeiro da empresa, não estivesse no Espírito Santo na data do crime. Investigadores descobriram que ele teria comprado uma passagem cinco dias antes para ele, a esposa e o filho irem a Orlando, nos Estados Unidos. Ele ficou fora do Brasil até 8 de junho, véspera do assassinato.
- A vítima também viajou, o que impediu que o crime ocorresse no período planejado. Wallace voltaria no domingo, mas o voo não pôde decolar devido ao mau tempo.
- Wallace não foi trabalhar na segunda de manhã. Os suspeitos não sabiam do problema no voo e, por isso, estiveram na porta da empresa na segunda logo cedo.
- Como saíram cedo, eles não haviam tomado café. Os suspeitos, então, saíram para lanchar. Pouco depois, receberam a informação de que o Wallace havia chegado à empresa.
- Os criminosos retornaram ao local e estacionaram próximo ao carro do empresário. Arthur Neves, o atirador, estava sentado no banco traseiro.
- O grupo acreditava que Wallace sairia da empresa pela portaria da Avenida Champagnat, para que o ataque ocorresse na calçada. Mas ele saiu pela rua lateral.
- Os criminosos não viram ele sair. Eles só perceberam que Wallace estava do lado de fora, já quando o empresário colocava os pessoais no carro. Por isso, o assassinato ocorreu como o registrado nas câmeras de segurança.
- Na fuga, os suspeitos encontraram uma viatura da Polícia Civil que atendia a outra ocorrência. Eles ficaram desesperados, o que, segundo a polícia, pode ter atrapalhado o plano de fuga.
- Os suspeitos foram embora por Cariacica e seguiram até Ibiraçu, onde encontraram Bruno Nunes.