Polícia

Quadrilha investigada falsifica atestado médico e até certificado de crisma no ES

Mais de 30 pessoas são investigadas na Operação Falsarius, em quatro esquemas diferentes de falsificação de documentos

Atestados foram apreendidos durante a quinta fase da operação

Reprodução/PCES
Atestados foram apreendidos durante a quinta fase da operação Reprodução/PCES

A Polícia Civil cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica como parte da quinta fase da Operação Falsarius. Mais de 30 pessoas são investigadas em quatro esquemas diferentes de falsificação de documentos que vão de atestados médicos a certificado de crisma.

A operação foi inicialmente deflagrada no final de 2023. Naquela época, a polícia investigava a falsificação de documentos para vencer processos seletivos na área da educação nas quatro prefeituras.

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Conforme a investigação avançava, foi descoberto o mesmo esquema na área da saúde, para adulterar currículos de técnicos de enfermagem e enfermeiros.

Segundo a Polícia Civil, as fraudes iam desde venda de certificados de conclusão do ensino médio até carimbos médicos e falsificação de atestados para afastamento do trabalho.

Foco nos falsários e compradores

De acordo com o delegado Douglas Vieira, titular da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), durante a quinta fase a polícia se concentra em identificar os fraudadores, além dos compradores dos produtos falsificados.

Segundo o delegado, nem a Igreja Católica escapou da ação dos estelionatários. Veja o que ele conta no vídeo abaixo:

O delegado alerta que quem compra os produtos também incorre no crime de falsificação e pode ser preso.

Nesta última fase, nós estamos com foco nos falsificadores e nos intermediários. Inclusive nós estamos disponibilizando algumas conversas, alguns diálogos, para que a população entenda como funciona esse comércio. Lembrando, quem compra também incorre em crime de falsidade, com pena de 3 a 5 anos, disse.

Conversas vazadas

Os suspeitos foram identificados após a apreensão de celulares, onde foram encontradas conversas que comprovavam as práticas dos crimes. Dentre as trocas de mensagens de texto e áudio, os pedidos de trocas de favores ficam evidentes.

Em uma das conversas, uma mulher pede a um falsário um certificado de conclusão de ensino médio para o irmão de uma amiga.

“Ei, Guto, bom dia. Tudo bem, meu amor? Você está melhor? Deixa eu te falar: qual o valor do diploma de ensino médio? Minha amiga está precisando para o irmão dela, aí você me fala o valor e ela vai te passar os dados, está bem?”, diz ela na mensagem.

Em seguida, o investigado responde que os certificados são vendidos individualmente por R$ 400, mas que na compra de dois, há um desconto.

“O certificado eu estou cobrando R$ 400 cada um, mas se for fazer dois eu tiro R$ 100 de cada um”, afirma.

Para carimbar um atestado falso, o suspeito afirma que realizaria o serviço para uma mulher pelo valor de R$ 25.

Apreensões e denúncias

Durante o cumprimento dos mandados de busca, foram apreendidos 18 celulares, além de diplomas, laudos e exames médicos, requisições para medicamentos de alto custo em farmácias cidadãs, curso de igreja e laudo psiquiátrico para renovar licença de taxista foram falsificados.

Reprodução/PCES

Segundo o delegado, a prática chegou a ser denunciada por órgãos públicos e também por clínicas particulares.

O cidadão, muitas vezes, está internado no hospital e atendido por um profissional que talvez não tenha aquela qualificação, daí a polícia segue investigando isso com rigor e profundidade. Muitas secretarias têm ajudado a polícia, levado algumas inconsistências, muitos órgãos públicos foram vítimas, e particulares também. Há receitas médicas já carimbadas, afirmou.

Além dos falsificadores, a polícia agora tenta identificar as gráficas responsáveis por imprimirem os documentos falsos.

Operação Falsarius

Na primeira fase da Operação Falsarius, foram deflagrados 11 mandados de busca e apreensão nos quatro municípios. Já na segunda etapa, foi dado cumprimento a mais três.

Durante as outras duas etapas foram apreendidos diversos aparelhos celulares, além de notas que comprovavam os serviços, com valores que iam de R$ 200 a R$ 2.500.

*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record

Guilherme Lage, repórter do Folha Vitória
Guilherme Lage

Repórter

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.

Formado em Jornalismo, é repórter do Folha Vitória desde 2023. Amante de música e cinema.