Caso Wallace Lovato

De desvio de milhões a atraso em voo: como a polícia desvendou morte de empresário

Empresário Wallace Lovato foi assassinado a tiros na Praia da Costa, em Vila Velha. Crime teria motivação financeira

Empresário Wallace Lovato, assassinato na Praia da Costa
Foto: Acervo pessoal

A Polícia Civil concluiu a primeira fase do inquérito do assassinato a tiros do empresário Wallace Borges Lovato, que ocorreu em junho no bairro Praia da Costa, em Vila Velha. Cinco pessoas foram denunciadas à Justiça e se tornaram réus no caso.

Bruno Valadares de Almeida, Arthur Laudevino Candeias Luppi, Arthur Neves de Barros e Eferson Ferreira Alves já foram presos. Bruno Nunes da Silva está foragido e é procurado pela polícia.

Na manhã desta segunda-feira (11), os delegados responsáveis pelo caso concederam uma entrevista coletiva e revelaram detalhes da investigação.

Ponto a ponto: entenda morte de empresário Wallace Lovato

  • O crime aconteceu na tarde de 9 de junho de 2025, uma segunda-feira. A polícia logo foi acionada e, ao chegar no local, identificou um dos veículos possivelmente usado pelos criminosos por meio de imagens de câmeras de segurança da região.
  • A Polícia Rodoviária Federal foi acionada para identificar o carro e localizá-lo. Na mesma noite, investigadores descobriram que a placa do veículo que aparecia nas imagens era falsa.
  • Os investigadores encontraram em contato com a Polícia Civil mineira e descobriram que a placa identificada na chegada ao Espírito Santo também era falsa.
  • Em vistoria, a Polícia Científica coletou digitais no veículo encontrado próximo à Terceira Ponte. Em paralelo, os investigadores analisaram as imagens de câmeras de segurança em que o carro aparecia.
  • A polícia descobriu que o veículo chegou ao Espírito Santo sem insulfilme. Em 3 de junho, seis dias antes do crime, o carro passou na Rodovia Darly Santos com os vidros claros e, pouco depois, foi visto na Segunda Ponte, trafegando em direção à Vitória, com o vidro escurecido. 
  • A partir de então, os investigadores buscaram locais onde o insulfilme pudesse ter sido colocado no veículo.
  • Com apoio de imagens cedidas pela Prefeitura de Vitória, os investigadores viram pela primeira vez um dos possíveis participantes no crime: um homem. Como ele estava com a cabeça baixa, não foi possível usar as ferramentas de reconhecimento facial para identificá-lo.
  • No dia 14, a polícia descobriu o local onde o insulfilme foi instalado e identificou o rapaz: Arthur Laudevino Candeias Luppi. Ele teve o pedido de prisão expedido. Os investigadores descobriram que ele fugiu para Minas Gerais. Uma megaoperação foi montada e Arthur acabou preso.
  • Em depoimento, ele confessou que dirigia o crime e indicou Bruno Nunes da Silva como intermediário do assassinato, Arthur Neves de Barros como o atirador e Eferson Ferreira Alves como um dos participantes. Eferson, no entanto, desistiu do crime.
Bruno Nunes da Silva segue foragido. (Foto: Reprodução/ Arquivo)
  • Em depoimento, Eferson confessou o envolvimento e confirmou as informações já passadas por Arthur Laudevino. Segundo o depoimento do rapaz, Bruno Nunes seria o único com contato direto com o mandante do crime, que fazia pagamentos mensais de R$ 10 mil em espécie.
  • Diante disso, a polícia pediu a prisão temporária do diretor da empresa de Wallace, Bruno Valadares de Almeida. Ele foi preso em casa. No local, a polícia encontrou ouro e carros de luxo. Em depoimento, ele negou o envolvimento e afirmou que quem mandava ele enviar o dinheiro a Bruno Nunes era a vítima.

Diretor suspeito de mandar matar empresário desviou milhões

  • Em um segundo interrogatório, segundo a polícia, ele confessou que desviou dinheiro da empresa por meio de uma conta a que só ele tinha acesso. Ele teria afirmado que desviou cerca de R$ 4 milhões, mas a empresa vê movimentações de até R$ 9 milhões. O dinheiro seria usado para ter uma vida melhor, sendo que ele recebia mensalmente R$ 21 mil. Para a polícia, ele se apropriou da confiança da vítima para cometer o crime.
  • O empresário teria contratado uma auditoria externa. Com receio de ser descoberto, Bruno teria, então, planejado e contratado a execução de Wallace.

Plano inicial para matar empresário deu errado

  • Segundo a polícia, Bruno Nunes pagou Arthur Laudevino ir a Minas Gerias buscar o veículo com placa clonada. O carro chegou ao Espírito Santo em 30 de maio.
  • Bruno Nunes e Eferson foram, então, até a Paraíba buscar Arthur Neves de Barros. Eles chegaram ao Estado em um carro alugado em 29 de maio.
  • O plano inicial era que o mandante, apontado como o diretor financeiro da empresa, não estivesse no Espírito Santo na data do crime. Investigadores descobriram que ele teria comprado uma passagem cinco dias antes para ele, a esposa e o filho irem a Orlando, nos Estados Unidos. Ele ficou fora do Brasil até 8 de junho, véspera do assassinato.
  • A vítima também viajou, o que impediu que o crime ocorresse no período planejado. Wallace voltaria no domingo, mas o voo não pode decolar devido ao mal tempo.
  • Wallace não foi trabalhar na segunda de manhã. Os suspeitos não sabiam do problema no voo e, por isso, estiveram na porta da empresa na segunda logo cedo.
  • Como saíram cedo, eles não haviam tomado café. Os suspeitos, então, saíram para lanchar. Pouco depois, receberam a informação de que o Wallace havia chegado a empresa.
  • Os criminosos retornaram ao local e estacionaram próximo ao carro do empresário. Arthur Neves, o atirador, estava sentado no banco traseiro.
  • O grupo acreditava que Wallace sairia da empresa pela portaria da Avenida Champagnat, para que o ataque ocorresse na calçada. Mas ele saiu pela rua lateral.
  • Os criminosos não viram ele sair. Eles só perceberam que Wallace estava do lado de fora, já quando o empresário colocava os pessoais no carro. Por isso, o assassinato ocorreu como o registrado nas câmeras de segurança. 
  • Na fuga, os suspeitos encontraram uma viatura da Polícia Civil que atendia a outra ocorrência. Eles ficaram desesperados, o que, segundo a polícia, pode ter atrapalhado o plano de fuga.
  • Os suspeitos foram embora por Cariacica e seguiram até Ibiraçu, onde encontraram Bruno Nunes.