Uma cirurgiã dentista foi presa em flagrante por injúria racial em uma boate no bairro Praia do Canto, em Vitória, na manhã do domingo (7). Identificada como Camila Magalhães Bonfim Ribeiro, a mulher, na presença de agentes da Polícia Militar, chamou um funcionário do local de “negrinho” após se recusar a pagar a conta.
A defesa da dentista afirma que ela apresentou “sinais de um possível surto psicótico” devido a agressões sofridas na casa noturna – a PM, no entanto, informa que a versão foi contrariada por testemunhas.
Segundo o boletim de ocorrência, Camila estava “bastante alterada” na boate e se recusou a efetuar o pagamento da conta. Com agressividade, ela teria tentado deixar a casa noturna, como relatou um segurança do local, e, por isso, foi contida.
A polícia foi acionada para verificar uma situação de “ameaça” e, quando a equipe chegou, a dentista afirmou que tinha sido agredida. No entanto, as testemunhas relataram que as lesões que ela possuía haviam sido causadas por ela própria, “devido ao seu estado alterado”.
Camila, conforme a PM, caiu no chão e bateu a cabeça em um balcão. Ela teve arranhões no joelho e um corte na parte de trás da cabeça.
Sendo abordada pela PM, a mulher proferiu ofensas racistas contra um dos funcionários da boate. Diante dos fatos, foi dada voz de prisão à dentista. Ela foi levada ao Hospital de Urgência e Emergência de Vitória, onde recebeu atendimento médico, e em seguida à Delegacia Regional de Vitória.
O funcionário ofendido, como informou a casa noturna em nota, “recebeu todo o apoio necessário”. “A Wanted mantém o compromisso inegociável com o respeito, a igualdade e a dignidade de todas as pessoas, e seguirá atuando de forma firme e responsável no combate a qualquer forma de preconceito”.
A boate também comunicou que todas as medidas cabíveis já foram tomadas e que “repudia veementemente qualquer ato de racismo ou discriminação”.
A defesa de Camila
A advogada que defende a cirurgiã dentista disse, em nota, que Camila é uma “mulher em situação de fragilidade” que foi vítima de agressão física na casa noturna, “onde chegou a ser impedida de deixar o local”.
“Em meio à violência sofrida, apresentou sinais de um possível surto psicótico, o que reforça sua vulnerabilidade naquele momento”.
A defesa também alega que foi a própria dentista que chamou a polícia, “buscando proteção e amparo das autoridades”.
Sobre as supostas ofensas racistas, a advogada afirma que Camila, em momento algum, “buscou proferir ofensas de cunho racial, manifestando, inclusive, seu repúdio a toda e qualquer prática discriminatória”.
“Ressaltamos que a tentativa de inverter a condição de vítima para transformá-la em agressora não condiz com a realidade dos fatos”.
A advogada defende que “a verdade será restabelecida” e afirma que já adotou as medidas cabíveis.