Apreensão Operação Turquia
Foto: Polícia Federal/Reprodução

Um esquema de desvio de drogas apreendidas em ações policiais foi revelado pela Operação Turquia, deflagada nesta sexta-feira (7). A ação foi realizada em Vila Velha, Serra e Vitória e resultou na prisão de um policial civil e no afastamento de outros dois, todos do Departamento Especializado em Narcóticos (Denarc).

Além das ordens de afastamento das funções públicas, por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, a operação cumpriu dois mandados de prisão temporária e outros cinco de busca e apreensão. Duas pessoas foram presas.

A ação foi deflagrada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

Como era o esquema de desvio de drogas?

Segundo informações da Polícia Federal (PF), os policiais mantinham contato por mensagens, quase diariamente, e também se encontravam com frequência com o homem apontado como líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), na Ilha do Príncipe, em Vitória.

O traficante indicava os locais onde estavam as cargas pertencentes a facções rivais para que os policiais realizassem as “apreensões”. Do material apreendido, parte era registrada oficialmente e o restante era, vendido para a pessoa que apontou a localização.

“Pelos elementos colhidos, uma fração do entorpecente não era registrada nos boletins de ocorrência e acabava sendo repassada a intermediários indicados pelo grupo”, explica a PF, em nota.

O policial preso, identificado como Eduardo Tadeu Ribeiro Batista Cunha, foi apontado como responsável pela comunicação com os traficantes, já os outros dois, identificados como Erildo Rosa Júnior e Eduardo Aznar Bichara, tinham ligação indireta, “por isso foram afastados das funções, sem a prisão, para o aprofundamento das investigações.”

CONFIRA O MATERIAL APREENDIDO

Investigações começaram após prisão de líder do tráfico

Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início após a prisão em flagrante de um dos principais líderes do tráfico de drogas na Ilha do Príncipe, em fevereiro de 2024.

Com o avanço das apurações, surgiram fortes indícios de que o criminoso mantinha uma relação com os policiais civis, o que indicaria cooperação ilícita durante diligências policiais.

O nome da operação, “Turquia”, faz referência ao codinome “Turco”, usado pelo líder do tráfico para se referir a Eduardo.

Ainda de acordo com a PF, ainda não é possível determinar o destino exato das drogas desviadas ou se eram distribuídas para outros estados, por exemplo.

Policiais respondem por tráfico de drogas e outros crimes

Os investigados respondem por tráfico de drogas, associação para o tráfico e participação em organização criminosa. No caso dos policiais, há também suspeitas de crimes de peculato e corrupção passiva envolvendo servidores públicos, além de corrupção ativa por parte de traficantes.

O policial civil foi preso e encaminhado para a delegacia Alfa 10, em Vila Velha, presídio destinado a agentes da própria corporação. Os outros dois seguem sendo investigados.

Além do policial, um intermediário que levava drogas e dinheiro para o traficante também foi preso.

O Ministério Público e a Polícia Federal informaram que o caso corre sob sigilo judicial e, por isso, não serão concedidas entrevistas por enquanto.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil informou em nota que, por meio da Corregedoria Geral, prestou apoio à Polícia Federal e ao Ministério Público do Espírito Santo na operação.

“A PCES reforça que não compactua com qualquer prática ilícita e que todas as condutas de seus integrantes serão rigorosamente apuradas. A Corregedoria Geral instaurará os devidos procedimentos administrativos internos para verificar eventuais responsabilidades disciplinares dos servidores envolvidos”, disse em nota. 

O que diz o Sindipol

O Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo (Sindipol) informou que os policiais investigados no âmbito da Operação Turquia estão recebendo assistência jurídica.

Aline Gomes

Repórter

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.

Jornalista pela Universidade Federal de Viçosa e estudante de Publicidade e Propaganda na Unopar, atuou como head de copywriting, social media, assessora de comunicação e analista de marketing. Atua no Folha Vitória como Editora de Saúde desde maio de 2025.