Polícia

Dono de loja de aquários é suspeito de abusar de 158 crianças no RS

Homem preso no RS é suspeito de ter abusado de 158 meninas nos últimos 16 anos. Investigadores acreditam que número pode ser ainda maior

Investigado é suspeito de abusar de 158 crianças nos últimos 16 anos. Foto: Divulgação/ PCRS
Investigado é suspeito de abusar de 158 crianças nos últimos 16 anos. Foto: Divulgação/ PCRS

O dono de uma loja de aquários preso desde janeiro no Rio Grande do Sul é investigado pela polícia por ter abusado sexualmente de 158 crianças, todas entre 8 e 13 anos, ao longo dos últimos 16 anos. Ele foi classificado como criminoso em série e é apontado como o maior predador sexual do estado.

Até o momento, 158 meninas foram identificadas como vítimas. No entanto, os investigadores não descartam que este número possa ultrapassar 700.

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De acordo com Valeriano Garcia Neto, delegado titular da Delegacia de Taquara, município de residência do suspeito, no Rio Grande do Sul, há 10 pedidos de prisão preventiva contra o investigado.

Quatro deles já receberam autorização do Poder Judiciário, sendo a mais recente na última sexta-feira (02).

Nós retiramos da sociedade um predador sexual em série. Ele é uma figura muito conhecida na sociedade de Taquara e que, até o início deste ano, ainda não tinha antecedentes. Sem dúvida isso foi um fator que o auxiliou a permanecer desapercebido enquanto praticava os crimes, aponta o titular da DP de Taquara.

O homem está preso desde janeiro, quando foram apreendidas cerca de 750 pastas com pornografia infantil em sua casa, durante um mandado de busca. Ele foi detido em flagrante e depois teve a prisão convertida em preventiva.

Modus operandi do criminoso

O homem atuava por meio de perfis falsos nas redes sociais. Segundo a polícia, ele fingia ser uma menina para criar laços de amizade digital com crianças. Depois, as convencia a enviar fotos de nudez.

Em posse das imagens, o homem passava a fazer chantagens para obter mais conteúdos do tipo, chegando a passar orientações sobre a posição do corpo e o ângulo de câmera para fotos e filmes.

Ele também utilizava esses materiais para forçar encontros, sob ameaça de divulgá-los caso a vítima não quisesse ir até o local indicado.

Ainda segundo a apuração policial, o criminoso sustentava a identidade falsa na internet até que fosse estabelecida uma relação de confiança com as vítimas. Em um dos casos, ele fingiu ser uma menina e manteve conversas online com uma criança ao longo de quase cinco anos.

Crimes em loja de aquários

Segundo o delegado Valeriano Garcia Neto, parte dos abusos ocorria na casa do criminoso ou em uma loja de aquários na área central de Taquara. O estabelecimento vende peixes, corais e espécies exóticas, e costumava receber excursões escolares.

“O preso é dono de uma loja que vende animais exóticos. O local recebia turmas de colégio para visitação, ocasião em que ele também aproveitava para tentar persuadir as alunas”, afirma o delegado.

Ainda segundo Garcia Neto, outras vítimas eram cooptadas em aulas de música e treinos de artes marciais. O suspeito ainda participava de projetos sociais com o mesmo propósito.

O ciclo de abusos chegou ao fim no início deste ano, quando uma menina de 13 anos, colega de muay thai do investigado, alertou os pais, que procuraram a polícia.

Na última terça-feira (29), o caso gerou a condenação do homem na 1ª Vara de Garantias de Porto Alegre, por estupro de vulnerável.

O que diz a defesa

O advogado Rodrigo Batista, responsável pela defesa do investigado, reconhece que os fatos divulgados pela polícia são graves, mas afirma que não teve acesso aos conteúdos. Ele adiciona que a defesa está cerceada e que a família do suspeito tem sido alvo de ameaças.

“Nossa prioridade é garantir o devido processo legal e o direito de defesa. A divulgação dos dados pessoais do investigado por parte da autoridade policial pode ser classificada como abuso de autoridade. Os familiares dele, que não tem nada a ver com o caso, estão sendo ameaçados. A casa da mãe dele foi pichada e apedrejada. Isso é incitação da sociedade e pré-julgamento”, afirmou o advogado.

*Com informações do Correio do Povo