A mulher que levou uma “voadora” de um policial militar durante uma abordagem no bairro Cidade Pomar, na Serra, no último sábado (13), conversou com a TV Vitória e contou detalhes sobre a confusão.
A vítima é a auxiliar administrativo Jussiara Santana Machado. Ela contou que estava na distribuidora de bebidas com o marido e os amigos quando os policiais chegaram.
“Eles já chegaram muito agressivos, botando todo mundo na parede, daquela forma, e ele foi perguntar, foi falar que aqui não tem vagabundo, aqui só tem trabalhador, todo mundo tomando uma cerveja, aí foi nesse bate-boca que ele teve com os policiais”, relatou a mulher.

Segundo ela, os militares procuravam um foragido da Justiça e foram agressivos quando questionados sobre a abordagem. “Aí ele veio correndo e simplesmente me deu uma voadora. Foi muito forte, e não foi pior porque eu caí em cima de outro policial“, contou.
Segundo a Polícia Militar, as equipes receberam uma denúncia anônima de que um foragido da Justiça estava na distribuidora. O criminoso conseguiu fugir.
Dois homens foram detidos após confrontarem os policiais. De acordo com a Polícia Civil, os detidos foram autuados em flagrante por resistência à ação policial e foram liberados.
Caso levanta debate sobre abordagens
O caso da Jussiara levanta o debate sobre abordagens policiais truculentas. O especialista em segurança pública Rafael Pereira da Fonseca explica que os militares precisam de controle e preparo durante essas ações e que inclusive recebem treinamento específico para o uso da força.
Confira a entrevista completa de Jussiara à TV Vitória:
“O policial tem que ter esse preparo, ele é instruído em sua formação, mas infelizmente dentro de toda e qualquer força nós temos indivíduos que, mesmo formados, optam por agir de outras formas ou são levados por sentimentos, por uma alteração emocional que acaba interferindo no trabalho profissional”, analisou o especialista.
Mulher denunciou o caso à Corregedoria
Jussiara registrou o boletim de ocorrência, fez o exame de corpo de delito e formalizou uma denúncia na Corregedoria da PM. “O que eu estou trazendo aqui não é sobre a abordagem. É sobre a agressão que eu sofri de uma autoridade”, disse.
Fonseca explicou que o policial pode ser punido. “Todo órgão de Segurança Pública tem o seu órgão corregedor, que vai apurar a conduta desses indivíduos. Sendo verificada uma conduta desviante, existem as sanções administrativas que vão desde uma suspensão ou advertência, podendo chegar até à demissão do profissional”, completou.
O que diz a PM
Por meio de nota, o 6º Batalhão da Polícia Militar informou que, após o recebimento do vídeo que demonstra a atuação dos PMs no bairro Cidade Pomar, será instaurado um procedimento administrativo para apurar os fatos.
“As pessoas que possuírem informações ou que quiserem se manifestar sobre a ação policial podem procurar a Corregedoria da PMES ou o comando do 6º BPM”, concluiu.
*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record.