
Um engenheiro de 42 anos foi preso nesta terça-feira (18) na casa onde mora em Jacaraípe, na Serra, suspeito de abusar sexualmente de uma menina de 9 anos em Guarapari. A vítima é filha de uma faxineira que trabalha para a família do investigado há 19 anos, e amiga da esposa dele.
O caso foi descoberto em junho deste ano, após a mãe da vítima denunciar o suspeito, que também seria pastor em uma igreja evangélica.
Segundo a mulher, que não será identificada para preservar a menina, algumas situações chamaram a atenção no comportamento da filha nos últimos meses.
Ao questionar, a filha chegou a negar os abusos, uma vez que o suspeito ameaçava matar ela e também a mãe.
“Eu já tinha notado mudança de comportamento nela. Eu perguntava para ela, e ela com medo de ele me matar, porque ela também era ameaçada de morte e eu também, ela negava. Só que a escola me chamou, porque as notas dela caíram”, contou.
A revelação dos abusos teria acontecido após a conversa com as professoras na escola. Segundo a mãe, a menina relatou que o engenheiro a tocava em suas partes íntimas.
Após o desabafo da criança, a mãe foi até a Delegacia de Guarapari e fez a denúncia contra o engenheiro.
“Minha filha relatou tudo o que ele havia feito com ela. Eu já havia perguntado, mas ela negava. Trouxe minha filha para a praça e perguntei: ‘alguém mexe nas suas partes íntimas?’. Ela chorou muito e confirmou”, relatou a mãe.
Ainda segundo a mãe da criança, desde que os abusos foram descobertos, a vida da família se transformou.
Para conseguir dar prosseguimento à denúncia, mãe e filha fazem acompanhamento psiquiátrico e psicológico, a menina ainda sofre com traumas e consequências do abuso.
“De lá para cá nossa vida virou um inferno. Eu estou tomando 11 remédios por dia. Tem dias que minha filha está bem e dias em que não está. Ela está sendo acompanhada pelo psicólogo e eu pelo psiquiatra, mas está difícil”, disse.
Suspeito teria abusado da própria sobrinha
Assim que a mãe da vítima fez o boletim de ocorrência contra o suspeito, em junho, investigações foram iniciadas para identificar possíveis outras vítimas do engenheiro.
Durante as investigações, os policiais identificaram outro boletim de ocorrência contra o suspeito, registrado em Domingos Martins. A vítima seria a própria sobrinha do engenheiro.
Outro fato que chamou bastante a atenção dos policiais é que as duas vítimas tinham o mesmo nome, de acordo com o delegado Rafael Gobbi.
“No primeiro momento, fizemos algumas pesquisas nos sistemas da polícia e identificamos que contra ele já havia um outro boletim de ocorrência em janeiro deste ano por fatos registrados em Domingos Martins contra sua sobrinha. Então ele não tem uma condenação criminal, mas tem o que se chama de antecedente policial”, disse.
Engenheiro dava presentes para a vítima
Como forma de tentar abafar os abusos e fazer com que a vítima não contasse o que havia acontecido para familiares, o suspeito dava presentes a ela, segundo o delegado e a mãe.
Os itens variavam de brinquedos a jogos de tabuleiro e até mesmo um telefone celular. De acordo com o delegado, este tipo de comportamento é comum a abusadores.
“É uma forma, um modus operandi, de manter essa relação de intimidade e de afeto e fazer com que essa ligação não cesse. Um dos presentes, exatamente, foi o celular, até para manter uma certa conexão, um certo contato”, explicou.
Ainda segundo ele, o engenheiro demonstrou certa indiferença e frieza quando foi preso pela Polícia Civil na terça-feira e é possível que tenha feito mais vítimas.
“Ele demonstrou até uma certa frieza, do tipo: de fato, cometi esse crime e estou aqui agora para pagar. Considerando que há uma vítima em Guarapari, uma outra que é sobrinha dele em Domingos Martins, é possível que possa ter havido outras crianças e adolescentes vítimas desse indivíduo”, afirmou.
Esposa do engenheiro confirmou crimes em áudio
Uma conversa por meio de um aplicativo de troca de mensagens serviu como mais uma evidência do crime durante as investigações policiais.
Em uma mensagem de áudio, enviada pela esposa do engenheiro à mãe da menina de 9 anos, a mulher relata saber dos crimes e que havia conversado com o marido sobre os abusos.
Ouça o áudio:
Na mesma mensagem, ela chega a afirmar que o marido confessou os crimes durante a conversa.
“Eu vou te ligar depois. Vou explicar direitinho o que ele conversou comigo, porque ele mesmo falou comigo que se ele tiver que pagar por um erro dele, que Deus venha cobrar dele. Ele falou que sabe que errou”, afirmou a mulher do suspeito no áudio.
O suspeito segue preso preventivamente e a polícia agora trabalha para identificar outras possíveis vítimas.
*Com informações do repórter André Falcão, da TV Vitória/Record