Polícia

Fio de cabelo ajudou a desvendar envenenamento de médico no ES

A ex-secretária, Bruna Garcia Barbosa Marinho e o marido dela, Alysson Marinho, foram presos suspeitos de envenenar o médico

Leitura: 3 Minutos
Bruna Garcia Barbosa Marinho e o marido Alysson Marinho foram presos por suspeita de envenenar médico em Vitória
Bruna Garcia Barbosa Marinho e o marido Alysson Marinho foram presos por suspeita de envenenar médico em Vitória. Foto: Sesp/Divulgação

Um exame toxicológico realizado no cabelo do médico, de 90 anos, ajudou a polícia a constatar o nível de envenenamento de arsênio sofrido pela vítima que atuava em uma clínica localizada na Praia do Canto, em Vitória

A ex-secretária da clínica, identificada como Bruna Garcia Barbosa Marinho e o marido dela, Alysson Marinho, foram presos na terça-feira (2), suspeitos de envenenar o médico entre 2023 e o início deste ano.

Durante esse período, a vítima apresentou sintomas semelhantes com intoxicação crônica por arsênio — diarreia, vômitos, anemia, inchaço nos membros e perda de peso.

Em entrevista a reportagem da TV Vitória, o advogado da vítima, Waldyr Loureiro, informou que um vidro do veneno foi localizado no consultório.

“Confirmada depois pelo exame efetivado no cabelo, onde de constatou o envenenamento por arsênio por mais ou menos um ano e dois meses”, explicou o advogado.

O advogado também informou que a tentativa de homicídio agravou o quadro de saúde do idoso, que já apresentava Parkinson. “Causou diversas sequelas, inclusive o avanço do Parkinson”.

Mulher trabalhava na clínica há cerca de 12 anos

Bruna trabalhou na clínica por cerca de 12 anos, exercendo funções de confiança, incluindo o controle das finanças e a alimentação do médico.

Em março de 2025, a esposa do médico descobriu que a então secretária havia desviado aproximadamente R$ 600 mil da conta. Parte do valor teria sido direcionado para a suspeita, o marido e a mãe dela. Após as acusações, a secretária pediu demissão do emprego.

Meses depois, a esposa do médico encontrou frascos de arsênio na sala onde a ex-secretária trabalhava. A polícia acredita que o produto era usado para envenenar a vítima.

Exames periciais realizados no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória confirmaram a presença de óxido de arsênio, sendo detectada maior concentração de intoxicação no período em que ela trabalhava na clínica.

Utilização do arsênio

Em entrevista a TV Vitória, a professora em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Karla Nívea Sampaio, explica que o trióxido de arsênio é uma substância utilizada para fins industriais e medicinais. Ele é um pó branco, que não é vendido livremente.

Existem algumas aplicações industriais do arsênio, por exemplo, impermeabilização de madeira, produção de vidros, mas isso não é de consumo humano.

Karla Nívea Sampaio

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o arsênio um dos 10 químicos de grande preocupação para a saúde pública e recomenda que a exposição ao metal seja prevenida.

Os sintomas da contaminação por arsênio incluem vômito, dores abdominais e diarreia. A exposição a longo prazo causa mudanças na pigmentação da pele, lesões e pode levar ao câncer de pele.

O arsênio vai inibir a produção de energia no corpo e em pequenas doses pode afetar o nervo sensitivo, áreas do cérebro que estão relacionados a memória.

Karla Nívea Sampaio

O que diz a defesa do casal

O advogado do casal, James Gouveia Freias, afirmou que os fatos estão distorcidos e que continua fazendo conhecimento do caso.

Em nota, a Polícia Civil informou que o caso é investigado pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória.

*Com informações dos repórteres Lucas Henrique Pisa e André Falcão, da TV Vitória/Record

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

Produtora Web

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória