A quadrilha que aplicava o golpe do falso advogado criou um verdadeiro “modelo de negócio”. As investigações da Polícia Civil identificaram que criminosos “vendiam” a técnica aos interessados que desejam praticar o crime no Espírito Santo. Uma das vítimas teve um prejuízo de R$ 10 mil.

Uma operação contra a organização foi realizada no mês de outubro, mas as informações foram divulgadas nesta terça-feira (09). Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de outros investigados.

São os investigados de envolvimento na organização criminosa:

  • Raylisson Alves Cavalcante, de 21 anos, que está foragido;
  • Thalisson Felipe Nobre de Mendonça, de 25 anos, que está preso;
  • Luana Tamyres Sousa Matos, de 19 anos, que responde em liberdade;
  • Vitoria Mariane Sombra de Almeida, de 25 anos, que responde em liberdade.
Quadrilha do golpe do falso advogado
Thalissson Felipe Nobre de Mendonça, Raylisson Alves Cavalcante, Vitoria Mariane Sombra de Almeida e Luana Tamyres Sousa Matos são investigados pela polícia. Foto: Sesp/Divulgação

O titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), Guilherme Eugênio Rodrigues, destacou que, um “criminoso ‘mais experiente’” criou um modelo de negócio e vende a técnica mediante o pagamento de uma comissão.

O que se percebeu em Maracanaú, é que uma organização criminosa criou um modelo de negócio e recrutou pessoas com ou sem histórico criminal para a prática desse crime. Pessoas entenderam que esse caminho proporcionava um dinheiro fácil.

Guilherme Eugênio Rodrigues, delegado da Desarme

A investigação identificou os equipamentos utilizados para a prática dos crimes e, com isso, chegou aos quatro suspeitos. Thalisson, Raylisson, Luana e Vitoria realizaram contato direto com as vítimas, explicou o delegado. Thalisson aplicava os golpes nas vítimas do Espírito Santo, de acordo com as investigações.

A quadrilha atuava em Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, no Ceará, e os golpes eram aplicados em vítimas de diversos Estados brasileiros.

O modus operandi do golpe

Segundo o delegado, os criminosos realizam pesquisas em base de dados do poder judiciário, identificam ganhadores de ações judiciais e advogados que patrocinaram as causas vitoriosas. “O bandido se passa pelo advogado da vítima, usa a foto e fala que mudou de número pelo WhatsApp”.

Entretanto, durante a conversa com as vítimas, os golpistas condicionam o pagamento antecipado de valores.

Mas, eles condicionam o recebimento dos valores com o pagamento antecipado de valores como custas. Normalmente os valores são ‘baixos’ como mil ou cinco mil e conforme as vítimas vão pagando, vão aumentando os valores e criando novas condições enquanto a vítima vai aceitando.

Guilherme Eugênio Rodrigues, delegado da Desarme

O delegado também explica que, durante a apuração, foi identificado que uma das vítimas teve o prejuízo de R$ 10 mil. “Mas a maioria percebe o golpe a partir de R$ 3 mil ou R$ 5 mil”.

Criminosos aplicaram o golpe no ES

Golpes neste mesmo modelo foram registrados no Espírito Santo. Em junho deste ano, criminosos usaram a foto de um advogado de Vila Velha e tiveram acesso aos dados dos clientes dele na Grande Vitória.

Uma vítima contou que recebeu uma mensagem de um número desconhecido, porém com a foto do seu advogado, informando a falsa causa ganha do cliente na justiça, e que ele teria uma indenização a receber. Então, os suspeitos pedem os dados do cliente, alegando que seria para receber o pagamento.

Um número entrou em contato comigo se passando pelo meu advogado, onde eu tinha uma causa na justiça. Essa causa tinha sido concluída e tinha saído o pagamento, mas eu precisava vincular a uma conta. Aí eu passei os meus dados da conta que seria depositado”

disse uma das vítimas do crime em Vila Velha

Delegado geral da PC dá orientações sobre o golpe

O delegado geral da Polícia Civil, Darcy Arruda, destaca que, como o estelionato é um crime em que os criminosos estão escondidos atrás das redes sociais, é necessário que os indivíduos “tomem cuidado com as informações e mensagens recebidas”.

Quando receber informação, por exemplo, que você tem um dinheiro a receber, por uma ação na Justiça, você tem que ficar em contato com o seu advogado, não achar que ele está falando. Ele deve ter uma forma de falar, um canal específico de falar, ou por e-mail, ou através do site, ou de um telefone do escritório.

Darcy Arruda, delegado geral da Polícia Civil.

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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