O juiz Luiz Guilherme Risso, da 2ª Vara Criminal de Vitória, condenou o ex-gerente de banco Eduardo Barbosa de Oliveira, acusado de furtar R$ 1,5 milhão da agência do Banco do Brasil em que trabalhava em Vitória, a 7 anos e 106 dias de prisão no regime semiaberto. Já a namorada dele, Paloma Duarte Tolentino, foi absolvida.
O crime ocorreu em novembro do ano passado e foi descoberto quando Eduardo e Paloma foram presos em Santa Maria, Rio Grande do Sul, já na fronteira com o Uruguai.
Eduardo foi condenado pelos crimes de furto qualificado e lavagem de dinheiro. Paloma foi absolvida das acusações, pois não foi comprovada sua participação nos crimes.
Eduardo disse à namorada que dinheiro era proveniente de empréstimo
Foram ouvidas diversas testemunhas sobre o crime, como gerentes do banco, policiais que realizaram a prisão dos réus no Rio Grande do Sul e uma menor aprendiz que teria ajudado Eduardo a levar o dinheiro furtado para o veículo dele, sem saber.
Além disso, foram ouvidos os próprios réus. Em seu depoimento, Eduardo afirma que enganou a namorada, dizendo que o dinheiro furtado se tratava de um empréstimo que havia conseguido no banco.
Ele relata que a ideia de fugir surgiu após uma desavença com o ex-namorado de Paloma, que havia ameaçado o casal de morte.
Ele teria dito a Paloma que pediria transferência, que teria recebido aprovação do banco e que ambos se mudariam para o Rio Grande do Sul.
Antes da fuga, Eduardo chegou a transferir R$ 20 mil para a ex-mulher para transferir um carro para o nome dela.
“Eu já estava há dois dias usando droga quando fui trabalhar e na quarta-feira à noite, eu cheguei para ela e falei: ‘Fui transferido segunda-feira e a gente começa lá no Rio Grande do Sul’; que eu falei que estava sendo ameaçado de morte e o banco me ajudou. E aí, na quinta-feira, já há dois dias sem dormir, com receio de ser assassinado, eu cometi o crime; que disse para ela que estava fazendo empréstimo naquele mesmo momento”, afirmou Eduardo durante o julgamento.
A versão é corroborada por Paloma, que disse não saber que o dinheiro apreendido com o casal era fruto de um furto, mas de um empréstimo.
“Ele me ligou e pediu para eu poder ir no banco; que eu fui ao banco, peguei uma quantia de oitenta mil reais para poder comprar um carro; que ele me deu oitenta mil reais para eu poder fazer a compra do nosso carro, porque o nosso carro Ford Focus estava sem manutenção e ainda os pneus não estavam tão bons”, disse em depoimento.
Com o dinheiro, Paloma adquiriu um carro modelo Jeep Renegade em dinheiro vivo, utilizado na fuga do casal para o Uruguai.
Os dois estavam presos há nove meses, mas foi decretada a soltura de Paloma e a prisão preventiva de Eduardo foi mantida.
Relembre o caso
Eduardo e Paloma fugiram do Espírito Santo em um carro adquirido por ela. Para comprar o veículo, a namorada do ex-gerente foi ao banco onde o bancário trabalhava no dia do furto para efetuar um depósito de R$ 74 mil.
Foi esse o mesmo valor repassado por ele para que Paloma pudesse comprar o carro. Com o fim do expediente bancário, Eduardo foi ao cofre e subtraiu R$ 1,5 milhão.
Em imagens das câmeras de videomonitoramento do banco, Eduardo sai da agência com diversos malotes com o dinheiro furtado.
Para descobrir o modelo em que o casal havia fugido, bastou com que os policiais fossem à concessionária onde Paloma adquiriu o carro. Lá, conseguiram identificar a placa do automóvel.
A partir das informações repassadas pela Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) conseguiu prender o casal em menos de três horas após a denúncia.
Casal havia preparado mudança
Com o furto consumado, Eduardo e Paloma prepararam toda a mudança para o país vizinho. Eles embalaram todos os pertences e deixaram o imóvel. Além disso, o ex-gerente chegou a repassar R$ 20 mil para a ex-mulher, que, segundo ela, seria uma dívida por um carro que os dois adquiriram juntos.
Toda a mudança teria acontecido ainda no sábado (16), enquanto o casal se preparava para fugir para o Uruguai.
Segundo o delegado Gabriel Monteiro, a forma como os suspeitos agiram corroborava a ideia de que todo o crime havia sido premeditado.
PRF localizou o carro no Rio Grande do Sul
Segundo o superintendente da PRF/ES, Wemerson Pestana, após o acionamento da Polícia Civil, a PRF começou a monitorar o veículo adquirido pelo casal, que foi encontrado na BR-158, em Santa Maria.
No momento da prisão, Paloma teria confessado que o dinheiro estava no porta-malas do carro e que sria fruto de uma herança. Já Eduardo teria dito que o dinheiro fazia parte da venda de um imóvel e do acerto com o banco.
O magistrado entendeu que mesmo com as suspeitas, não é possível comprovar que Paloma tinha ciência de que se tratava de dinheiro oriundo de um furto.
“Embora a situação seja permeada de suspeitas, não há nos autos prova cabal de que a acusada Paloma contribuiu para a prática do crime de furto, de forma moral ou material”, afirmou o juiz na decisão.