
O motorista Adson dos Santos Neves, vítima de uma tentativa de homicídio no Terminal de Itaparica, em Vila Velha, há um mês, falou pela primeira vez sobre o crime. O atentado foi praticado por um passageiro, que acabou preso em flagrante.
Ele contou que trabalha há oito anos na linha 616, que liga o Terminal de Itaparica ao bairro Morada da Barra, e que sempre teve uma rotina tranquila, até o dia 8 de outubro, quando foi esfaqueado.
Um homem entrou pela porta do meio do ônibus com duas crianças. A esposa dele tentou passar o cartão, mas não passou. O motorista pediu para a mulher ela sentar porque estava com um bebê.
Depois, na Rodovia do Sol, ela conseguiu validar o cartão e se juntou ao marido. Após isso, o homem levantou xingando e ameaçando o motorista.
Para evitar confusão e garantir a segurança dos passageiros, Adson conta que parou em um posto da Polícia Militar, na Rodovia do Sol, e relatou o ocorrido. Os policiais retiraram a família do ônibus, e o motorista seguiu viagem de volta ao terminal. No entanto, ao chegar ao Terminal de Itaparica, o suspeito o surpreendeu.
Fui beber água e ele chegou por trás, me deu três facadas. Uma pegou de raspão na cabeça, outra no braço e a terceira consegui segurar.
Adson dos Santos Neves, motorista
O motorista foi socorrido e levado ao hospital, onde passou por duas cirurgias. “Na primeira cirurgia, vi que eu não mexia a mão. Fiz outra, mas os médicos disseram que talvez os movimentos não voltem totalmente”, relatou.
O agressor, de 30 anos, foi preso em flagrante e autuado por tentativa de homicídio. Ele foi encaminhado ao sistema prisional. Na época, a mulher do suspeito confirmou à reportagem que o marido realmente agrediu o motorista.
Vida após atentado
Depois do atentado, a esposa do rodoviário precisou deixar o trabalho para cuidar dele e da filha, de 8 anos. O motorista está afastado pelo INSS, mas ainda não começou a receber o benefício.
Por fim, além das dificuldades financeiras, o motorista afirma que passou a conviver com o medo. “A rotina é complicada, a gente nunca sabe o que pode acontecer. Depois disso, o medo aumentou muito”, finalizou.