Polícia Civil do Espírito Santo (PCES)
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Uma jovem denunciou ter sido agredida pelo namorado, um vendedor de 26 anos, após ver vídeos sobre concursos da Polícia Civil, no domingo (23), em Vila Velha.

Segundo contou à TV Vitória, ela estava em casa assistindo aos vídeos quando o namorado teria surtado, afirmando que ela queria fazer concurso porque teria um “amante policial”.

O homem começou a xingar, quebrou objetos da residência e a agrediu com empurrões e puxões, causando ferimentos no braço. Assustada com a agressividade, ela decidiu chamar a Polícia Militar.

Atendimento da PM

A jovem afirmou que, mesmo vivendo um relacionamento abusivo, foi a primeira vez que teve coragem de pedir ajuda. Porém, ao receber a PM, disse ter se sentido desamparada com a condução da ocorrência.

De acordo com a vítima, os policiais, ao tentarem acalmar a situação, teriam pedido que ela mostrasse o celular ao namorado para provar que não tinha um amante. Ela relatou que se sentiu ainda mais constrangida.

Apesar das agressões, o homem não foi encaminhado à delegacia. Segundo a vítima, os policiais apenas determinaram que ele arrumasse as coisas e deixasse a casa, o que ele fez levando uma mochila.

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar não se manifestou sobre o ocorrido.

Atendimento da Guarda Municipal

A jovem buscou atendimento no Pronto Atendimento da Glória, onde profissionais acionaram a Guarda Municipal. A inspetora Lara Paiva destacou o papel da rede de proteção a mulheres vítimas de violência.

“O PA nos acionou através da nossa central, o nosso 153, e a nossa central de pronto demandou uma viatura, mesmo fora do flagrante delito. Essa é a importância da sensibilidade dos profissionais de saúde também, porque às vezes a própria vítima está numa situação de vulnerabilidade, de fragilidade.”

A Guarda Municipal conduziu a mulher até a delegacia, onde ela registrou a denúncia. Segundo a inspetora, por não se tratar de flagrante, cabia à vítima decidir denunciar.

Fora do flagrante de delito, é uma decisão da vítima denunciar ou não. Se estiver no flagrante de delito, mesmo que a vítima não queira denunciar, a gente conduz só o agressor, sem a presença da vítima. Mas como estava fora, era necessário ali um trabalho de convencimento, que foi feito pela equipe multidisciplinar e pela força de segurança pública que a acompanhou até o DPJ, inclusive, para registrar essa ocorrência.

Laura Paiva, inspetora da Guarda Municipal de Vila Velha

A Polícia Civil afirmou que orienta que vítimas que realizem o registro pessoalmente em uma delegacia ou por meio da Delegacia Online. Dessa forma, o orgão pode tomar conhecimento do caso e dar início às investigações.

Relacionamento abusivo

Com o agressor solto e ainda com medo, a mulher relatou que vem enfrentando há mais de dois anos situações de abuso psicológico e comportamento tóxico. Para a TV Vitória, a vítima pediu que uma mensagem sua fosse divulgada.

Toda mulher que se cala, salva a imagem de um homem, mas ninguém pergunta o preço que ela está pagando por isso.

Vítima

*Texto sob a supervisão da editora Erika Santos, com informações da repórter Nathalia Munhão, da TV Vitória/Record.

Ana Piontkowski *

Estagiária

Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e estagiária do Jornal Folha Vitória.

Graduanda em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e estagiária do Jornal Folha Vitória.