Suspeita de agressão

“Não quis acreditar”, diz mãe de criança que estava em hotelzinho no ES

Crianças foram acordadas por funcionárias aos gritos e com jatos de um líquido no rosto. O caso é investigado pela Polícia Civil

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Mãe de criança que teve olho inchado após voltar de hotelzinho em Linhares
Foto: TV Vitória/Reprodução

“Não quis acreditar que seria aquela situação real”. O relato é da mãe de uma criança que ficou com o olho inchado após voltar de um hotelzinho no bairro Palmital, em Linhares. Funcionárias são investigadas pela Polícia Civil após um vídeo mostrar elas acordando crianças com gritos e jatos de um líquido no rosto.

As imagens, que circulam nas redes sociais, foram gravadas em um dos quartos e mostram ao menos 15 crianças em idade pré-escolar. Uma das funcionárias lança jatos de um líquido diretamente no rosto dos menores, que se encolhem e tentam se proteger.

Em entrevista à reportagem da TV Vitória, a mãe de uma das alunas, que não terá a identidade divulgada, contou que ao buscar a filha no ambiente escolar, percebeu que o olho da criança estava inchado e vermelho.

Percebi que o olho estava inchado, quando questionei, ela relatou especificamente a situação que aconteceu, mas não quis acreditar que seria aquela situação real. A parte do perfume que jogou nos olhos para acordar quis acreditar que era um acaso ou um acidente.”

Mãe da criança

Diante disso, a responsável afirmou que a filha já apresentava reclamações do hotelzinho e não queria ficar no estabelecimento. “Ela falou que não queria falar, falava que não gostava da tia, relatou que a ‘tia bate’”.

Veja o depoimento da mãe:

A mãe também descreveu que, em alguns minutos, o vídeo do acontecimento chegou através de uma amiga, entretanto, afirma que não conseguiu assistir toda a cena gravada.

Não consegui assistir ao vídeo todo e quando abri não entendi que se tratava a situação, mas identifiquei a funcionária que eu já conheço. Vi minha filha chorando, parei o vídeo na mesma hora e entendi o que ela quis dizer.”

Mãe da criança

Advogado de proprietária diz que cliente não tinha conhecimento

O advogado da proprietária do hotelzinho, Júnior Mendonça, disse que a cliente não tinha conhecimento das agressões que eram realizadas por meio das funcionárias. Diante disso, foi feito um boletim de ocorrência para tomar as providências cabíveis.

No mesmo momento que ela chamou nosso escritório, fomos até a Delegacia de Polícia Civil, fizemos um boletim de ocorrência para o delegado tomar todas as providências cabíveis. Para que aquelas duas moças que fizeram esse ato de covardia com as crianças sejam responsabilizadas.”

Júnior Mendonça, advogado da proprietária do hotelzinho

Crianças vão passar por exames periciais

O delegado Fabrício Lucindo, da Polícia Civil, informou que as crianças que aparecem no vídeo, divulgado nas redes sociais, vão passar por exames periciais para identificar possíveis lesões.

Segundo o delegado, a dona do hotelzinho foi chamada novamente para prestar esclarecimentos, nesta quinta-feira (4), e deverá indicar os nomes de todas as funcionárias e das crianças que estavam no estabelecimento no dia do episódio.

Já pedi aos policiais para trazerem a dona do hotelzinho. Ela esteve aqui ontem (terça-feira) e registrou ocorrência, se colocando à disposição da polícia. Agora, vai indicar todas as funcionárias que trabalham lá e os nomes das crianças. Elas virão com os pais e passarão por exames periciais.”

Fabrício Lucindo

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM O DELEGADO

Entenda o caso

A Polícia Civil investiga duas funcionárias de hotelzinho no bairro Palmital, em Linhares, após um vídeo compartilhado nas redes sociais mostrar elas acordando crianças com gritos e jatos de um líquido no rosto.

As imagens, com pouco mais de 30 segundos, foram gravadas em um dos quartos do estabelecimento.

No início da gravação, uma mulher surge com o celular na mão e bate com força na porta, gritando em seguida. As crianças, que ainda dormiam, acordam assustadas, algumas começam a chorar.

Veja o vídeo:

Logo depois, a mesma funcionária se aproxima das camas e coloca o celular próximo ao rosto dos pequenos, como se estivesse gravando ou reproduzindo música alta. Enquanto isso, outra funcionária lança jatos de um líquido diretamente no rosto dos menores, que se encolhem e tentam se proteger. As imagens registram a sequência de sustos e choros.

O que diz o responsável pelo hotelzinho?

A responsável pelo hotelzinho pediu desculpas à família e informado que desligou as funcionárias envolvidas. A mãe, no entanto, formalizou denúncia ao Conselho Tutelar de Linhares.

O Conselho informou que notificará o estabelecimento e já registrou boletim de ocorrência. O caso também será encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

*Com informações da repórter Ana Carolina Mota, da TV Vitória/ Record

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão

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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória

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