Polícia

Força tarefa em Vila Velha para combater bailes funk clandestinos nas ruas do município

No último sábado, menores foram detidos durante um "baile do Mandela" realizado em Ilha da Conceição. Uma semana antes, rapaz foi espancado até a morte em outro evento do tipo

No último sábado, menores foram apreendidos pela polícia durante um baile no bairro Ilha da Conceição Foto: Reprodução

Uma verdadeira força tarefa está sendo formada nas ruas de Vila Velha para combater os chamados "bailes do Mandela", que são festas clandestinas, realizadas no meio da rua e sem nenhuma autorização, regadas a bebidas, drogas e muito funk em volume máximo. As ações de prevenção contam com o apoio não só das polícias Civil e Militar, como também do poder judiciário e da prefeitura do município.

Somente no último sábado (16), vários menores foram detidos durante um baile funk realizado na Rua Irineu de Fraga Neves, em Ilha da Conceição. Enquanto policiais civis e militares faziam vistorias nos frequentadores, equipes da prefeitura e do conselho tutelar de Vila Velha verificavam a presença de menores. Ao todo, 14 adolescentes e duas crianças foram retirados da festa clandestina.

Com um dos adolescentes apreendidos, de 13 anos, a polícia encontrou drogas e uma arma falsa. Todos os detidos foram liberados após a chegada dos pais à delegacia.

Para a Secretaria de Prevenção e Combate à Violência de Vila Velha, os bailes do Mandela são uma cópia do que já acontece no Rio de Janeiro. "Eles fecham uma rua sem a autorização da prefeitura, normalmente uma rua secundária de um bairro de periferia. E nesses eventos há carro com som alto, bagageiro aberto e caixas de som com bastante volume, emitido naquela comunidade. Também há, via de regra, a presença de armas de fogo, drogas, bebidas alcoólicas e menores sem a autorização da prefeitura. Então é necessário coibir [esses eventos]", ressaltou o secretário Alexandre Ramalho.

Eventos têm se tornado mais comuns no Espírito Santo e são marcados pelas redes sociais Foto: Reprodução

Agora os bailes do Mandela vêm se espalhando por Vila Velha. Somente no último fim de semana, seis desses bailes foram identificados no município, por meio de eventos divulgados em redes sociais. Ainda pela internet, é possível constatar que, neste mês, já tem baile marcado em Normília, Ilha da Conceição e Guaranhuns. "O mais importante, neste momento, é identificar quem são as pessoas que estão organizando esse tipo de evento e que eles respondam por isso", salientou Ramalho.

Juizado

Juíza autorizou a polícia a retirar dos bailes clandestinos menores desacompanhados Foto: TV Vitória

Na semana passada, a juíza da Vara de Infância e Juventude de Vila Velha, Patrícia Neves, emitiu um mandado autorizando a polícia a retirar de eventos como esses qualquer menor que esteja exposto a riscos. "Esses eventos só poderiam acontecer, pelo que determina a lei, com autorização expressa do Juizado. E crianças e adolescentes desacompanhados em algum evento só podem entrar quando há a autorização do juizado, via alvará ou portaria", frisou Patrícia Neves. 

A magistrada conta que ficou sabendo recentemente da realização dos bailes do Mandela no município. "Não tinha conhecimento desses eventos que estavam acontecendo pelas ruas de Vila Velha. Só tomei conhecimento disso quando vi, pela imprensa, a morte de uma pessoa na saída de um evento desse", contou.

A juíza se refere ao assassinato de Thiago Henrique Botti, de 21 anos, que participava de um baile do Mandela em Sagrada Família, na semana passada. Segundo testemunhas, Thiago estava armado e efetuou um disparo. Outros frequentadores teriam revidado com socos, chutes e pedradas. O rapaz apanhou até a morte e o crime ainda está sendo investigado pela Polícia Civil.

"A partir do momento em que eu faço um mandado para as polícias realizarem essa fiscalização para mim e recebo um relatório informando que foram apreendidas drogas e um simulacro de arma, não posso concordar com esse tipo de evento, onde não vai ser permitida a entrada e permanência de crianças e adolescentes desacompanhados", destacou a magistrada.

Patrícia Neves garantiu ainda que não tem nada contra qualquer tipo de música, mas ressaltou a necessidade de todos os eventos estarem em confirmidade com a lei. "Não tenho preconceito com relação a nenhum estilo musical ou estilo de vida. Se as pessoas cumprem as leis e seguem as regras legais, como não portar arma ou droga, o lazer é um direito de crianças e adolescentes. Vamos incentivar as formas lícitas de lazer. Mas as formas ilícitas vão ser combatidas", assegurou.

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