MORTE gerson camata

Polícia

Assassino de Camata se diz arrependido e defesa pede 'julgamento justo'

Advogados de Marcos Venício afirmam que ele não imaginava que pudesse ter matado Gerson Camata e só tomou ciência do fato na delegacia, através dos advogados

Breno Ribeiro

Redação Folha Vitória
Foto: TV Vitória

O ex-assessor do ex-governador Gerson Camata, Marcos Venício Moreira Andrade, que confessou ter assassinado o político no último dia 26 de dezembro na Praia do Canto, em Vitória, está arrependido. Pelo menos é o que dizem os advogados de defesa do acusado em nota enviada à imprensa na tarde desta segunda-feira (7).

No documento, a defesa do acusado pede que ele tenha um julgamento justo. "É preciso que o processo se atenha às evidências para não deixar que o sentimento de revolta o contamine e que se condene previamente quem quer que seja", dizem os advogados na nota.

Além disso, a nota cita que o relatório final do inquérito da Polícia Civil do Estado (PCES) sobre o caso, que serviu de base para o Ministério Público do Estado (MPES) oferecer a denúncia - apresentada na última sexta-feira 4 -, foi "consubstanciado somente por elementos recentes e depoimentos de testemunhas que presenciaram o fato, não apurando e levando em consideração o contexto histórico que alimentou desentendimentos mútuos".

Os advogados de Marcos afirmam que, após atirar contra o ex-governador, o acusado não imaginava que a vítima tinha morrido. Segundo a defesa de Venício, ele só tomou conhecimento da gravidade da situação e do falecimento de Gerson Camata através dos advogados, na delegacia.

Por meio de nota, a Polícia Civil ressaltou que o inquérito foi concluído e remetido a Justiça na última quinta-feira (3) e disse que não comentará sobre o caso, pois se trata de um processo judicial que já está em andamento.

A reportagem também tentou contato com o Ministério Público, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Advogados de acusação

Os advogados Ludgero Liberato e Renan Sales, que representam a família Camata como assistentes de acusação, elogiaram o trabalho realizado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Segundo eles, foi houve investigação "técnica, profunda e que retrata fielmente a injusta, torpe, gratuita e covarde agressão sofrida pelo ex Governador Gerson Camata que o levou à morte". 

"Alegações de distúrbios devem ser feitas e provadas pela defesa, no momento processual próprio, ocasião em que serão rechaçadas, por não retratarem a verdade. A nota [divulgada pelos advogados de defesa] demonstra postura desesperada, numa clara tentativa de travestir os fatos narrados na denúncia deflagrada pelo MPES", dizem os assistentes de acusação.

Baixe o arquivo abaixo e leia a nota na íntegra:

Nota à imprensa - advogados Marcos Venicio

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Denúncia do MPES

Foto: Divulgação / Polícia Civil

A denúncia apresentada pelo MPES contradiz o depoimento do acusado, que disse à Polícia Civil, que não planejou matar o ex-governador. Na versão do acusado, ele teria encontrado casualmente Camata na rua e o questionou sobre um processo judicial que o ex-governador move contra ele, por calúnia e difamação. Andrade diz que discutiu com Camata e, em um momento de ira, atirou contra a vítima.

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Para o Ministério Público, contudo, o crime foi premeditado. No documento, os promotores dizem que o suspeito esperou por uma hora e meia em frente a padaria, à espera de Camata. O ex-assessor estava com um revólver com o registro vencido e não tinha autorização para usar a a arma fora de casa.

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O Ministério Público pede que Marcos Venício seja condenado por homicídio qualificado, por motivo fútil, mediante emboscada, com impossibilidade da vítima se defender. Além disso, no documento é solicitado o aumento da pena em um terço, já que a vítima tinha mais de 60 anos. O Ministério Público listou onze pessoas para testemunhar contra o ex-assessor, entre elas Rita Camata, ex-deputada federal e viúva de Camata.

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O crime

Foto: Breno Ribeiro

O ex-senador e ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata foi assassinado no último dia 26 de dezembro, no bairro Praia do Canto, em Vitória. Segundo a polícia, ele foi morto após ser alvejado com um tiro, que atingiu o ombro esquerdo e transfixou o corpo da vítima. O acusado do assassinato é o ex-assessor do político Marcos Venício, que confessou o crime.

Marcos é economista e trabalhou com Gerson de 86 a 2005. Gerson moveu processo contra Marcos depois que o ex-assessor foi a publico apontar possíveis irregularidades no governo de Camata. Eles tinham uma briga desde então e o processo teria motivado o crime.

Trajetória

Gerson Camata possuía um longo histórico na política capixaba. Além da carreira política, Camata iniciou a vida profissional como jornalista e apresentador do programa Ronda da cidade, na Rádio Cidade de Vitória, em 1964.

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O ex-governador também se formou em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O início da trajetória política de Camata aconteceu em 1967, na câmara dos Vereadores de Vitória. Depois ele foi eleito deputado estadual, no período de 1971 a 1975, ano em que se tornou deputado federal.

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