Polícia

CRM-ES apura conduta de médicos envolvidos na "Lama Cirúrgica"

Em uma das empresas investigadas pela polícia foram encontrados carimbos de médicos e receituário em branco assinado

O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Espírito Santo abriu uma sindicância para apurar a conduta ética dos médicos envolvidos na Operação Lama Cirúrgica. Na última segunda-feira (5), a Polícia Federal chegou a mais uma empresa suspeita de comercializar materiais cirúrgicos usados.

A denúncia da Operação Lama Cirúrgica chegou ao CRM-ES na última quinta-feira (1), mas o processo de investigação profissional deve demorar cerca de um ano. Segundo a Polícia Civil do Espírito Santo, carimbos de três médicos e um receituário em branco assinado e carimbado por um quarto médico foram encontrados na sede da Golden Hospitalar, empresa que supostamente vendia materiais cirúrgicos descartáveis usados. Os donos da empresa e um enfermeiro foram presos. Os médicos continuam atendendo.

Nenhum dos quatro médicos denunciados ainda foi ouvido pelo Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo. O CRM abriu uma sindicância para apurar a conduta ética dos profissionais. A partir de agora eles têm 15 dias para se manifestar, e por escrito. É a primeira chance para os médicos se defenderem, segundo o presidente do CRM-ES.

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“Essa resposta do médico vai ser avaliada pelo conselho sindicante e vai propor um voto que vai ser julgado por uma câmara de sindicância. Ela pode decidir pelo arquivamento, se não houver indícios, ou por abertura de um processo e aí depende do que o médico fez para ser indiciado nos vários artigos do código de ética médico”, explicou o presidente do CRM-ES, Carlos Magno Pretti Dalapicola.

O julgamento para abertura ou não do processo interno contra os denunciados será no dia 28 de fevereiro. Aberto o processo ético-profissional, os médicos serão ouvidos e as denúncias apuradas. A penalidade mais alta e mais difícil de ser aplicada é a cassação do registro médico. Em 10 anos, apenas oito médicos foram cassados no Espírito Santo. Mais de 2400 foram investigados pelo CRM-ES. 

“A cassação é o encerramento da carreira do médico. Toda cassação que é realizada pelo conselho, automaticamente ela vai ser avaliada pelo conselho Federal de Medicina”, destacou o presidente do CRM-ES.

Os quatro médicos também vão ser investigados pela Justiça comum. A operação já está em sua terceira fase no Espírito Santo. Os crimes começaram a ser divulgados em janeiro. O Núcleo de Repressão ao Crime Organizado (Nuroc) apurou que um único equipamento descartável foi usado mais de 2500 vezes. A Polícia Federal investiga a importação de materiais reutilizados dos estados unidos.

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