Polícia

Inocentado no caso Alexandre Martins, Calu fala sobre o processo: 'Vivi um martírio durante oito anos'

Cláudio Luiz Andrade Batista foi absolvido no júri popular, em agosto de 2015

Thaiz Blunck

Redação Folha Vitória

Dois anos após ser absolvido das acusações de ser um dos mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, que completa 15 anos neste sábado (24), o ex-policial civil e empresário Cláudio Luiz Andrade Batista falou com exclusividade ao jornal online Folha Vitória.

Calu, como é conhecido, foi absolvido em agosto de 2015 no júri popular, por unanimidade, após quase 100 horas de julgamento. Hoje, aos 54 anos, ele conta que, mesmo inocentado, os danos de ter ficado uma década respondendo ao processo são irreversíveis.

“Fiquei preso de 2005 a 2007 e até o julgamento, em 2015, vivi um martírio que durou oito anos, em uma prisão sem grades. Isso é irreversível! A gente via pessoas inocentes sendo condenadas e eu sabia do grau de dificuldade para me livrar do processo, mas nunca perdi a fé e a esperança, porque não tinha cometido crime nenhum, nem em pensamento”, conta.

Na época, ele foi à júri popular junto com o coronel aposentado da Polícia Militar Walter Gomes Ferreira, também apontado como um dos mandantes do crime. No entanto, diferente de Calú, Ferreira foi condenado a 23 anos de prisão por 4 votos a 3. Dois anos depois, desembargadores do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) decidiram, por unanimidade, reduzir a pena-base dele de 19 para 16 anos. Sobre a condenação, Calú destacou que respeita, mas considera um equívoco.

“O [coronel] Ferreira é inocente e é totalmente injusta a condenação. Você ser absolvido e ver alguém ser condenado na mesma acusação é complicado. A condenação foi incoerente, eles foram equivocados, mas respeito a decisão. O que eu espero é reverter o quadro. A gente sabe como é difícil reverter uma decisão do júri, falando juridicamente mesmo, e ele já está pagando a pena”, destaca. 

Durante a entrevista, Calu ainda relembrou que foi aluno de graduação do juiz Alexandre Martins de Castro Filho e de seu pai, Alexandre Martins de Castro, e reitera que entende a dor de quem perde um filho, mas que é injustiça querer que o crime seja pago de qualquer maneira. 

"A dor de quem perde um filho é muito grande, mas querer que façam justiça de uma forma arbitrária, errada, é injusto. Que pai é esse que vai querer que a morte do filho seja paga de qualquer maneira? Ele tem a oportunidade de saber que o filho dele não foi morto a mando de ninguém, foi morto em uma fatalidade, que poderia acontecer com qualquer um de nós. O Alexandre reagiu a um assalto, e três meses antes, já havia reagiu a um outro, isso está no inquérito. Eu peço que Deus abençoe ele e que ele possa ter a paz e a certeza de que o filho dele não foi morto por um crime de mando", conclui. 

Relembre
O assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho completa 15 anos neste sábado (24). No dia 24 de março de 2003, ele dispensou a segurança e acabou sendo surpreendido por dois bandidos ao chegar em uma academia, no bairro Itapoã, em Vila Velha. Ele levou três tiros e não resistiu. 

Sete pessoas foram presas: os dois atiradores e cinco intermediários acusados de auxiliar na elaboração do crime. Em pouco tempo, todos foram julgados e condenados a penas que vão de oito a 25 anos de prisão. Hoje, quase todos já estão soltos.

O jornal online Folha Vitória tentou falar com Alexandre Martins de Castro, pai do juiz assassinado, mas não conseguiu contato até o fechamento desta matéria. 





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