CRIPTOMOEDAS

Veterinário do ES acusado de lucrar R$ 10 milhões com chantagem a asiático deixa a prisão

Apesar de ter deixado o sistema carcerário, acusado deverá cumprir restrições impostas pela Justiça

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, preso em janeiro deste ano, acusado de arrecadar R$ 10 milhões a partir de um esquema financeiro envolvendo extorsão e criptomoedas, está em liberdade após cerca de três meses preso no Centro de Detenção Provisória de Viana 2.

O alvará de soltura de Thiago, que agora é réu em uma ação penal, foi expedido no último dia 12, conforme informações apuradas pela reportagem do Folha Vitória na tarde desta terça-feira (23)

Ele cumpre liberdade provisória mediante medidas cautelares impostas pela juíza Paula Cheim Jorge, da 2ª Vara Criminal de Vila Velha, onde o processo atualmente tramita em segredo de Justiça.

No dia 31 de janeiro deste ano, a defesa de Thiago recorreu ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) para tentar a soltura do veterinário. O desembargador Eder Pontes da Silva, na ocasião, negou provimento ao pedido liminar protocolado pelos advogados do agora acusado.

À época do pedido feito à Justiça, a defesa do investigado afirmava que não teria restado comprovada, na decisão da juíza da 2ª Vara Criminal de Vila Velha, "a extrema necessidade da custódia dele".

A defesa ainda alegava, no pedido, que as medidas cautelares inicialmente aplicadas ao veterinário tinham sido consideradas insuficientes e, por consequência, substituídas pela prisão temporária, sem nenhum fato novo ou notícia de descumprimento das medidas anteriormente impostas a ele.

Quando decidiu negar o pedido da defesa, o desembargador fez um retrospecto dos crimes pelos quais ele se tornou acusado.

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O magistrado, por exemplo, ressaltou que em 2021 Thiago teria descoberto imagens no celular de sua namorada imagens que indicavam que ela tinha um caso, com duração de cerca de seis anos, com um empresário asiático.

Na mesma decisão, o desembargador frisou que após descobrir o conteúdo no telefone da mulher, o veterinário teria procurado o empresário asiático e ameaçado contar para a família dele, bem como divulgar para a imprensa internacional, a relação extraconjugal.

"Diante disso, depreende-se que o paciente, em posse de documentos e fotos íntimas que comprovam o relacionamento entre o ofendido e sua companheira ao tempo dos fatos, supostamente entrou em contato com o empresário asiático, e passou a ameaçar divulgar para a imprensa internacional e familiares do ofendido fotos extremamente íntimas e documentos comprovando a relação extraconjugal que o ofendido se envolveu por 06 (seis) anos, o que comprometeria sua reputação e seus negócios, especialmente considerando o contexto cultural e sua posição empresarial", detalhou o desembargador no documento.

No mesmo processo constava a informação de que o veterinário exigiu que o empresário fechasse uma espécie de “contrato” entre as partes, por meio do qual seria efetuado o pagamento de U$ 2.500.000,00, o que correspondia, segundo os autos, ao valor aproximado de R$ 13,6 milhões na época.

A quantia deveria ser transferida para Thiago em criptomoedas. Em troca ele forneceria ao empresário acesso remoto, por meio de uma conta iCloud, para que ele pudesse deletar os arquivos desejados.

Os autos, aos quais a reportagem teve acesso à época da decisão proferida pelo desembargador do TJES, também pontuavam que mesmo com a realização do pagamento do dinheiro, Thiago, por meio de diversas linhas de comunicação, incluindo perfis falsos em redes sociais, permaneceu ameaçando e extorquindo o asiático, que decidiu procurar o Ministério Público Estadual (MPES), responsável pela operação que culminou na prisão do veterinário.

Inclusive, foi o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MPES (Gaeco) quem conduziu as investigações que apontaram que o patrimônio pessoal e empresarial do naquela época investigado havia se multiplicado consideravelmente, durante os anos que ele extorquiu o empresário asiático.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Thiago. O espaço segue aberto para as devidas manifestações.

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