INTOLERÂNCIA

Pai ameaça matar filhas em Vila Velha por frequentarem centro de umbanda

Segundo as adolescentes, de 14 e 16 anos, o motivo das ameaças é que o pedreiro não aceita a escolha religiosa delas. Suspeito foi preso e levado para o presídio

Foto: Reprodução/TV Vitória

Duas adolescentes, de 14 e 16 anos, foram ameaçadas pelo próprio pai durante uma celebração religiosa. O caso aconteceu em um centro de umbanda, localizado no bairro Riviera da Barra, em Vila Velha, na noite desta quarta-feira (3).

Segundo as vítimas, o motivo das ameaças é que o pedreiro de 34 anos não aceita a escolha religiosa das filhas. No local, todos contaram que ele chegou bastante agressivo, gritando muito e completamente alterado com todos, usando, inclusive, falas intolerantes em relação à umbanda.

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"Ele disse ser tudo do demônio e disse que demônio se matava na bala. Tudo o que estava aqui dentro era do demônio", disse Daiane Santana, acolhedora do centro.

Só que não parou por aí e as ameaças continuaram. Já na casa da avó das meninas, o pai teria usado uma arma e também um pedaço de madeira para ameaçar as filhas adolescentes.

"Começou a xingar a gente e preferia ver a gente morrer do que ver daquele jeito. Disse que iria meter bala em tudo e só não matou ninguém porque tinha crianças lá", contou uma das filhas, que não será identificada.

Segundo ela, essa não é a primeira vez que as duas foram ameaçadas pelo pai. Há quase três meses, ele já teria tido a mesma atitude, só que as ameaças foram feitas com um facão.

A menina, que pediu uma medida protetiva contra o pai, relata os vários momentos em que o homem foi agressivo com ela e a irmã. "Pegou minhas coisas, meus cristais, conchas e jogou tudo no lixo", relatou.

Para a mãe de santo Amanda Nóbrega, responsável pelo centro de umbanda, a atitude do homem traz medo e revolta pelo desrespeito e intolerância.

"Já aconteceu com meu pai de santo e foi muito dolorido. Agora, estou sentindo na minha pele, posso dizer que é uma mistura de raiva e intolerância", disse.

O pedreiro e pai das adolescentes foi preso e encaminhado ao Plantão Especializado da Mulher (PEM), onde foi autuado por posse de drogas para consumo próprio e por praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, previsto no art 20 § 2 B da Lei do Crime Racial – Lei 7716/89. 

Ele foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana, onde passará por audiência de custódia.

Por nota, a Polícia Civil informou que existe na Região Metropolitana de Vitória a Seção de Investigações Especiais – Pessoas Vítimas de Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual ou Deficiência Física. A unidade foi criada em 2019, é subordinada à Divisão Especializada da Região Metropolitana (DRM) e funciona na Chefatura de Polícia Civil.

*Com informações da repórter Ingrid Almeida, da TV Vitória/Record TV

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