Polícia

Pai confessa ter agredido menino de 4 anos em Vila Velha, mas alega que intenção era corrigi-lo

A criança e o irmão mais novo, de 1 ano e 9 meses, foram encontrados abandonados em casa, no dia 21 de maio

Menino de 4 anos estava com marcas de violência pelo corpo e precisou ser levado para o Hospital Infantil | Foto: Reprodução

Os pais dos dois irmãos encontrados abandonados dentro de uma casa no bairro Ibes, em Vila Velha, no dia 21 de maio, foram indiciados por maus tratos e abandono de incapaz. Um laudo do Departamento Médico Legal (DML) de Vitória comprovou que o menino mais velho, de 4 anos, foi agredido. Foram encontradas marcas de violência na testa, no rosto, no tórax e no braço da criança.

O pai dele, um rapaz de 23 anos, que afirma ser pizzaiolo, prestou depoimento na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e confirmou ter agredido o filho. No entanto, segundo o titular da DPCA, delegado Lorenzo Pazolini, ele alegou que teve apenas a intenção de corrigir o menino.

"Ele confirma a agressão e diz que utilizou-se de um instrumento de cozinha para agredir a criança, mas ele diz que não naquela intensidade. Segundo o relato dele, que nós não acreditamos - uma versão bastante inverossímil e insustentável -, ele alega que as lesões eram leves, que eram lesões a pretexto de correção. Mas aquilo não é nada de correção, bastante diferente disso. O laudo do DML comprova que efetivamente houve um abuso, um excesso e um excesso criminoso ali", ressaltou o delegado.

As duas crianças foram resgatadas depois que vizinhos acionaram o Ciodes. Segundo o boletim de ocorrência, elas estavam trancadas e sozinhas há cerca de 10 horas. Ainda de acordo com a polícia, os pais dos meninos voltaram para casa de madrugada, horas depois dos filhos serem levados.

O menino mais novo, de 1 ano e 9 meses, estava sujo e sem roupas, em meio a moscas e fezes. Já o mais velho, além de ferido, estava com febre. Ele contou à polícia que apanhou porque pegou uma salsicha para comer. O alimento, segundo os policiais que fizeram o atendimento, tinha aparência de estragado.

As agressões levaram a criança para o hospital. O menino precisou ficar uma semana internado no Hospital Infantil de Vila Velha (Himaba) e, depois da alta, foi levado para um abrigo. O irmão mais novo também foi afastado da família.

Casal

Em depoimento, uma testemunha contou que, ao saber que as crianças haviam sido levados, a mãe, uma dona de casa de 32 anos, não demonstrou nenhuma preocupação. Apenas entrou na casa, recolheu alguns pertences e foi embora, junto com o marido. O casal também tem uma filha, de apenas 6 meses, e a mulher está grávida de uma quarta criança.

Crianças foram resgatadas em uma casa no bairro Ibes, no dia 21 de maio | Foto: TV Vitória

Os dois foram encontrados dias depois, em Cariacica, por uma equipe da DCPA. De acordo com Lorenzo Pazolini, eles são usuários de drogas e o rapaz possui duas passagens pela polícia: uma por tráfico de drogas e uma também por maus tratos, contra o filho mais velho, em 2015. Na época, o casal foi advertido pelo conselho tutelar, mas continuou com a criança.

Apesar do histórico, o casal responderá pelos crimes em liberdade, já que, segundo Lorenzo Pazolini, não houve flagrante. O inquérito que investigou o caso foi concluído pela Polícia Civil e já foi encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPES).

"Não foi possível a situação flagrancial. Na madrugada do dia 21, quando houve o acionamento do Ciodes, assim que a guarnição chegou ao local, eles não se encontravam. Eles só compareceram ao local após a ida da polícia. A polícia efetuou o resgate das crianças, que era o mais importante, era o que deveria ser feito naquele momento, proteger a vida das crianças, mas infelizmente não foi possível a prisão dos acusados na madrugada do crime. Mas isso não traz prejuízo nenhum, porque eles vão responder criminalmente por todos os crimes que cometeram, sem sombra de dúvidas", destacou o delegado.


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