Polícia

Morte de rapaz na Grande São Pedro: PM conclui inquérito e diz que houve crime militar

Weliton da Silva Dias, de 24 anos, morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar no bairro São José. Abordagem foi registrada por câmeras de videomonitoramento

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória

O inquérito que apurava a morte do jovem Weliton da Silva Dias, de 24 anos, ocorrida no dia 2 de abril deste ano, na Grande São Pedro, no bairro São José, em Vitória, após disparos feitos por um Policial Militar, foi concluído nesta terça-feira (07). A conclusão da PM apontou indícios de crime de natureza militar e transgressão da disciplina. 

Segundo o boletim de ocorrência, os policiais envolvidos no caso eram o cabo Sandro Frigini (que teria atirado em Dias) e o soldado Victor Fagundes de Oliveira. Eles, desde então, foram afastados de suas funções nas ruas e entregaram as armas que utilizavam no dia da abordagem. 

Foto: Montagem: reprodução TV Vitória e redes sociais

Ainda de acordo com a Polícia Militar, o inquérito será encaminhado à Justiça e será instaurado procedimento administrativo, que vai julgar a conduta disciplinar dos policiais. 

Relembre o caso

Weliton da Silva Dias, de 24 anos, morreu após ser baleado durante uma ação da Polícia Militar no bairro São José, na região da Grande São Pedro, em Vitória. Além dele, outra pessoa também ficou ferida.

O caso aconteceu na noite de um sábado, 2 de abril. Os moradores da região ficaram revoltados com a ação da polícia. A família do rapaz afirma que os militares agiram com violência.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Na época, os familiares afirmaram que ele não estava armado no momento em que foi baleado. Welinton e a outra vítima chegaram a ser socorridos para o PA de São Pedro, na capital. O jovem, no entanto, não resistiu aos ferimentos e morreu. A outra vítima recebeu atendimento médico.

Num vídeo recebido pela reportagem, captado por câmeras de segurança, é possível ver o rapaz sozinho no chamado Beco da Sorte, no bairro São José. De repente, um policial se aproxima. Weliton mostra a cintura e coloca as duas mãos na cabeça. É neste momento que o policial atira no rapaz. (Por ser uma imagem forte, o Folha Vitória, deu uma pausa no vídeo neste instante).

Pouco tempo depois, outro militar se aproximou com um grupo de moradores. Testemunhas começaram a gritar por socorro e outro disparo foi ouvido.

Segundo testemunhas, Welinton foi atingido por dois tiros. Moradores afirmam que os policiais não teriam permitido que a vítima fosse socorrida. Somente após a saída dos policiais, é que os próprios moradores teriam levado para a Policlínica de São Pedro.

Revoltados com a ação policial, os moradores da região iniciaram um confronto com a polícia. Garrafas e outros objetos foram usados como arma. Os militares revidaram e efetuaram novos disparos de balas de borracha. Durante o conflito, um ônibus foi incendiado.

O rapaz trabalhava como carpinteiro e era casado há nove anos. Ele deixou um filho de 6 anos.

Segundo a secretaria de Estado da Justiça, Welinton esteve preso entre março de 2018 e novembro de 2019 por tráfico de drogas.

O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, coronel Márcio Celante Weolffel, que havia acabado de assumir o cargo, determinou a instalação de um inquérito policial para apurar o caso e determinou que os policiais envolvidos na ação fossem afastados preventivamente e que entregassem as armas utilizadas na ação.

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"Nós determinamos ao comandante-geral da Polícia Militar, a instalação do inquérito policial militar para averiguação e investigação de todas as circunstâncias do fato ocorrido e também o recolhimento das armas dos polícias militares para que façam parte das apurações e o afastamento preventivo cautelar dos policiais militares das atividades operacionais", disse.

O secretário afirmou ainda que mortes são lamentáveis em qualquer circunstâncias.

"Toda morte é lamentável. Dentro do programa Estado Presente, nós buscamos a preservação da vida e a redução do número de homicídios", frisou.

Outro lado

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Espírito Santo (ACS), cabo Eugênio, informou que os militares estão tendo assistência jurídica da associação.

"Nós acreditamos na absolvição dos policiais militares, e iremos representá-los até as últimas instâncias. Temos ciência de que as imagens são fortes, porém mostram que o militar agiu abarcado por excludentes legislativas, uma vez que o indivíduo tentou pegar a metralhadora que estava na bandoleira (alça que segura a arma)", reforça, referindo-se ao vídeo.

O cabo acrescenta que a associação vai manter seu posicionamento a respeito da inocência dos PMs e ressalta que eles "possuem excelente prestação de serviços à sociedade registrados em suas fichas funcionais".

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