Polícia

Professora de faculdade particular de Vitória é autuada em flagrante por injúria racial

De acordo com a polícia, ela foi liberada para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança. O caso seguirá sob investigação

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram
Correção: anteriormente, a Polícia Civil havia informado que a educadora foi liberada após assinar um Termo Circunstanciado. Posteriormente, a própria Polícia Civil corrigiu a informação. A matéria foi corrigida e atualizada.

Uma professora do curso de Design de Moda da Faesa, alvo de vídeo gravado por aluna que a acusou por ato de preconceito, foi autuada em flagrante pela Polícia Civil nesta quarta-feira (22). 

Em nota, a PC informou que, como as penas não ultrapassam quatro anos de detenção, uma fiança foi arbitrada pela autoridade policial, conforme artigo 322 do Código de Processo Penal. 

"Ela foi liberada para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança. O caso seguirá sob investigação", diz a nota.

Nas redes sociais, a aluna afirmou que a educadora deu uma declaração contra tatuagens, dizendo que "são heranças dos presidiários e que elas ficariam ainda piores na pele negra, que se assemelha a uma pele encardida".

Sobre o assunto, a Faesa emitiu uma nota informando que iniciou apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido e que abriu um processo administrativo para análise do caso e adoção das providências necessárias.

“O Centro Universitário destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição”, disse a Faesa. 

A reportagem do Folha Vitória tentou contato por telefone, várias vezes, com a professora que teria praticado as ofensas. As ligações não foram atendidas. Assim que houver um retorno, o texto será atualizado.

A Polícia Militar informou que foi acionada na manhã desta quarta-feira (22) para verificar a possível ocorrência de racismo em uma faculdade na Ilha de Monte Belo, em Vitória. No local, uma aluna fez contato com a equipe e relatou que, durante uma aula, uma professora teria solicitado que quem tivesse tatuagem levantasse a mão e, após ela levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava.

Foto: Reprodução / Instagram

A PM informou ainda que entrou em contato com a professora, e que ela relatou que "somente fez um comentário acerca da história do uso de tatuagem e que fora mal interpretada pela aluna, contudo se dispôs a prosseguir à delegacia para esclarecer os fatos".

O que diz o Movimento Negro

À reportagem, o coordenador do Centro de Estudo da Cultura Negra no Espírito Santo, Luiz Carlos Oliveira, afirmou que é de suma importância registrar a ocorrência o quanto antes. "Este é o primeiro passo. Depois disso, ela pode nos procurar para discutir a questão. A fala acaba estando relacionada ao racismo estrutural, em relação ao qual cobramos posturas dos políticos e representantes", disse.

"Esse caso que ocorreu com a aluna tem se repetido demais e o tratamento na lei e na Justiça não tem sido o suficiente. A coisa é muito devagar", disse Oliveira.

O coordenador também afirmou que a sociedade caminha a passos lentos para um resultado efetivo de punição por atos racistas. "Aos poucos anda, mas bem devagar", desabafou.

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