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VÍDEO | Aluna de faculdade particular de Vitória acusa professora por racismo

A jovem afirmou que a educadora deu uma declaração contra tatuagens, dizendo que são heranças dos presidiários e que elas ficariam ainda piores na pele negra

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Leitor / Folha Vitória

Uma aluna do curso de Design de Moda da Faesa, instituição particular de ensino superior de Vitória, publicou nas redes sociais um vídeo narrando o que considerou ser um episódio de preconceito racial praticado por uma professora do curso na manhã desta quarta-feira (22). A Polícia Militar foi acionada e esteve na faculdade. 

Em nota, a Polícia Civil informou que a professora assinou um termo circunstanciado (TC) pelo crime de injúria racial, e que foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.

Nas redes sociais, a jovem afirmou que a educadora deu uma declaração contra tatuagens, dizendo que "são heranças dos presidiários e que elas ficariam ainda piores na pele negra, que se assemelha a uma pele encardida".

Sobre o assunto, a Faesa emitiu uma nota informando que iniciou apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido e que abriu um processo administrativo para análise do caso e adoção das providências necessárias. 

“O Centro Universitário destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição”, disse a Faesa.

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A reportagem do Folha Vitória tentou contato por telefone, várias vezes, com a professora que teria praticado as ofensas. As ligações não foram atendidas. Assim que houver um retorno, o texto será atualizado.

A Polícia Militar informou que foi acionada na manhã desta quarta-feira (22) para verificar a possível ocorrência de racismo em uma faculdade na Ilha de Monte Belo, em Vitória. No local, uma aluna fez contato com a equipe e relatou que, durante uma aula, uma professora teria solicitado que quem tivesse tatuagem levantasse a mão e, após ela levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava.

A PM informou ainda que entrou em contato com a professora, e que ela relatou que "somente fez um comentário acerca da história do uso de tatuagem e que fora mal interpretada pela aluna, contudo se dispôs a prosseguir à delegacia para esclarecer os fatos".

O que diz o Movimento Negro

À reportagem, o coordenador do Centro de Estudo da Cultura Negra no Espírito Santo, Luiz Carlos Oliveira, afirmou que é de suma importância registrar a ocorrência o quanto antes. "Este é o primeiro passo. Depois disso, ela pode nos procurar para discutir a questão. A fala acaba estando relacionada ao racismo estrutural, em relação ao qual cobramos posturas dos políticos e representantes", disse. 

"Esse caso que ocorreu com a aluna tem se repetido demais e o tratamento na lei e na Justiça não tem sido o suficiente. A coisa é muito devagar", disse Oliveira.

O coordenador também afirmou que a sociedade caminha a passos lentos para um resultado efetivo de punição por atos racistas. "Aos poucos anda, mas bem devagar", desabafou.


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