Suspeito de aplicar golpe milionário no ES recebia das vítimas imóveis de luxo e até hotel
Geraldo Ribeiro de Souza foi preso nesta quinta-feira, em um edifício de luxo na Praia da Costa. Segundo a polícia, golpes somam quase R$ 30 milhões
O homem suspeito de aplicar golpes no Espírito Santo, que somaram quase R$ 30 milhões, teria recebido de suas vítimas carros, terrenos, apartamento de luxo e até um hotel, em troca de serviços que nunca foram prestados pela empresa dele, do ramo da construção civil. O hotel que Geraldo Ribeiro de Souza teria recebido de forma fraudulenta fica em Colatina, região noroeste do Estado, e está avaliado em cerca de R$ 2,5 milhões.
As vítimas contaram à policia que o suspeito tentou vender o hotel várias vezes, porém sem sucesso. Segundo a titular da Delegacia Especializada em Defraudações e Falsificações (Defa), delegada Rhaiana Bremenkamp, Geraldo aplicava golpes no sul do Espírito Santo.
"O Geraldo é proprietário de uma empresa de construção civil e oferece serviços de pavimentação asfáltica. Foi assim que ele conheceu diversas das nossas vítimas. Ele oferece seus serviços na troca de bens, principalmente apartamentos, hotéis, veículos, e ele não cumpre o acordado. Por meio de suas artimanhas, ele consegue tomar posse dos bens da vítima, acaba se desfazendo [dos bens] e as vítimas descobriram que ele não tinha nenhuma condição de cumprir o acordo que ele prometia", afirmou.
Ainda de acordo com as investigações, que começaram em novembro do ano passado, entre os imóveis entregues como pagamento por serviços, há também um apartamento, em um condomínio de luxo de Vila Velha, no valor de R$ 700 mil. A polícia também descobriu que o suspeito tomou posse de carros, sítios e equipamentos. O prejuízo para as vítimas seria de mais de R$ 27 milhões.
Geraldo foi preso na manhã desta quinta-feira (19), em um edifício de luxo na Praia da Costa, Vila Velha, onde morava de aluguel. Ele foi indiciado por estelionato e falsificação. Desde que chegou ao Espírito Santo, o suspeito ostentava uma vida de luxo. Geraldo veio de Minas Gerais, onde responde por um homicídio, cometido em 2014.
Vítimas
De acordo com a polícia, até o momento seis pessoas procuraram a Delegacia de Defraudações, em Vitória, alegando terem sido vítimas de Geraldo. Um deles é o agricultor José Renato Ribeiro Cabral, que saiu de Muqui, no sul do Estado, assim que soube da prisão do suspeito.
José Renato afirma ser dono de um dos terrenos que deveriam ser loteados pela Alphavix Empreendimentos Imobiliários, empresa que, segundo a polícia, era utilizada por Geraldo para aplicar os golpes. O agricultou disse que passou parte do terreno para o nome de Geraldo e agora não sabe como reaver o bem.
A área que José Renato queria lotear possui 84 mil metros quadrados e foi adquirido por ele por meio de uma herança. Segundo a polícia, antes mesmo de começar qualquer obra, o suspeito iniciou a divulgação do loteamento pela internet e chegou a vender dois lotes.
Outros três proprietários de grandes terrenos também procuraram a polícia, alegando que haviam fechado contratos com a Alphavix, para que fossem realizados loteamentos em suas áreas, mas que essas obras nunca teriam sido feitas. Geraldo também foi denunciado por uma ex-funcionária, que afirmou, em depoimento, que emprestou cheques a ele, mas que as dívidas nunca foram pagas.
A outra vítima foi um engenheiro que afirmou que prestava serviços para a empresa de Geraldo desde que ela começou as atividades. "Chegou a quase dois anos e eu não conseguia receber nenhum contrato oficializando isso. Os projetos já estavam terminando toda a aprovação e não tinha nada que certificava que eu tinha participação. Ele sempre falava que estava ocupado com outra coisa, para eu não me preocupar, que eu tinha que acreditar nele verbalmente. Mas não dava documento nenhum que me dava essa garantia", afirmou o engenheiro, que preferiu não se identificar.
O homem conta ainda que, quando tentava se desligar da empresa, descobriu que teve assinaturas falsificadas em documentos. "Ele me solicitou para eu fazer um documento com uma afirmação mentirosa, que eu não concordava. Eu falei que não faria e ele pegou e falsificou o documento, acusando essa pessoa. Aí eu resolvi sair. Se ele está me enrolando esse tempo todo, não dá nenhum documento que vai me garantir que eu vou receber alguma coisa nesse tabalho todo e agora chegou a falsificar esse documento, vou sair da empresa", relatou.
Segundo a polícia, Geraldo também anunciou loteamentos em Vargem Alta, Iriri e Rio Novo do Sul, mas nenhum foi entregue. A Alphavix, que tem sede em Rio Novo do Sul, região sul do Estado, teria participado de licitações em pelo menos duas prefeituras.