Polícia

Mais de 50 mulheres procuram a polícia todos os dias no ES para denunciar violência doméstica

Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública, entre janeiro e junho deste ano foram registrados mais de 9 mil casos no estado

Foto: Marcos Santos USP/Agência Brasil

Mais de 9 mil casos de violência contra mulher foram registrados no Espírito Santo nos seis primeiros meses deste ano. É como se todos os dias 51 mulheres procurassem a polícia para relatar que foram vítimas de seus companheiros. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

A violência doméstica é um problema antigo, não só no Espírito Santo, como nos demais estados brasileiros. No entanto, o assunto voltou a ficar em evidência depois que Pamella Holanda, ex-mulher do DJ Ivis, afirmar em público que era vítima de violência, por parte do artista.

Ela usou as redes sociais, na tarde de domingo (11), para denunciar o ex-companheiro por agressão. Em seu perfil, Pamella publicou uma série de imagens, registradas por câmeras de segurança do apartamento do casal, em que aparece sendo agredida pelo DJ na frente da filha deles, Mel, de 9 meses.

Nas imagens, que revoltaram os internautas, o músico aparece puxando o cabelo da companheira e dando chutes e socos. Além dos vídeos, a digital influencer também compartilhou fotos com hematomas e machucados. 

A delegada titular da Gerência de Proteção à Mulher da Sesp, Michelle Meira, destaca os primeiros sinais que apontam para um futuro caso de violência doméstica.

"A estatística nossa é bem clara: os relacionamentos muitas vezes começam com uma falta de respeito, um xingamento, um ciúme que as pessoas às vezes romantizam e acham normal, e não é. E muitas vezes eles terminam com feminicídio. Existe uma progressão da gravidade desses atos. Então é importante a mulher estar atenta e denunciar", ressaltou a delegada.

"A violência contra a mulher é muito cultural na nossa sociedade, infelizmente, e muitas mulheres que sofrem esse tipo de violência têm uma dependência emocional e econômica desse agressor. Muitas delas pensam, às vezes, que vão prejudicar o agressor se ela denunciar. Se preocupam às vezes mais com o homem do que com ela própria. Então é muito importante que a mulher tenha consciência de que ela está num relacionamento abusivo e que ela precisa denunciar para que ela busque ajuda para sair desse relacionamento abusivo", completou.

Entre as vítimas da violência doméstica no Espírito Santo está uma mulher de 41 anos, moradora de Vila Velha, que preferiu não se identificar. Ela conta que foi agredida e chegou a ser ameaçada com uma faca pelo companheiro. O crime ocorreu na frente dos filhos do casal. O suspeito foi detido.

"Ele me deu um soco no peito dentro de casa. Aí botei ele para fora, no quintal. Chegando aqui no quintal, ele me agrediu com um soco e eu caí. Machuquei o joelho e um pouco na cabeça. E começou a me socar", relatou.

De acordo com a Polícia Militar, o suspeito negou a acusação. Ele disse ainda à PM que a mulher teria ficado nervosa por ele ter ficado até tarde na rua e o agrediu com tapas, causando hematoma no braço. 

O casal foi encaminhado ao Plantão Especializado da Mulher e, no local, o homem de 40 anos foi autuado em flagrante pelos crimes de lesão corporal, injúria e ameaça. Ele foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV). 

Ja na Serra, uma mulher de 32 anos teve de usar uma fritadeira elétrica para escapar das agressões do marido. O homem foi detido em flagrante.

O caso aconteceu no último sábado, no bairro Jardim Limoeiro. A mulher contou à polícia que foi agredida após se recusar a dar dinheiro para o companheiro comprar drogas.

Ajuda

Uma ferramenta para ajudar essas mulheres é o Projeto Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica, que virou lei no Espírito Santo. Usando uma caneta ou batom vermelho, a vítima faz um "X" na palma da mão e, como forma de pedido de socorro silencioso, mostra para algum funcionário de qualquer estabelecimento comercial, repartições públicas ou privadas.

Para isso, é importante os atendentes estarem atentos para compreender o sinal e, dessa forma, acionar a polícia por meio do 190.

"É importante que os estabelecimentos comerciais tenham ciência dessa lei e que façam, na medida do possível. Que peguem o cadastro dessa mulher, dependendo da situação, se possível, porque o recurso operacional da Polícia Militar é enviado para o local do estabelecimento comercial que acionou", explicou Michelle Meira.

O SOS Marias é outra forma de auxílio. A vítima baixa no celular o aplicativo, faz um cadastro simples e, em qualquer situação de violência, aciona a polícia.

"Ela pode acionar o serviço emergencial da Polícia Militar com apenas um clique. Ela já é georreferenciada pelo GPS do aplicativo, e ali basta depois apertar 'solicitar viatura' que a demanda dela já chega para o despachador de recursos da Polícia Militar", disse a delegada.

Com informações do repórter Waslley Leite, da TV Vitória/Record TV

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